O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou nesta quinta-feira que a série de ataques violentos no Rio de Janeiro dificulta ações de saúde pública, inclusive no combate à dengue. A cidade integra um grupo de 16 municípios onde há risco de epidemia da doença.
"Um estudo que fizemos sobre a presença do mosquito mostra que, nessas cidades, há uma situação de alerta e o trabalho deve ser redobrado, com visita de agentes, informação, mobilização, limpeza", disse e indagou: "como levar saúde pública, médicos, enfermeiros, medidas de prevenção a comunidades violentas".
Segundo Temporão, o Ministério da Saúde encontra problemas para levar médicos não apenas à Amazônia, mas também a cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife. "Nenhum médico quer trabalhar lá por causa da violência", afirmou.
Nesta época, de acordo com o ministro, o aumento das temperaturas e a chegada das chuvas fazem com que o ciclo de vida para a formação do mosquito, que geralmente demora 30 dias, caia para 12 dias.
Outro fenômeno influenciado pela violência e destacado por Temporão é o aumento da obesidade infanto-juvenil. Segundo ele, a violência crônica nos centros urbanos expulsou as crianças das ruas, deixando-as confinadas em casa.
"É um problema estrutural na sociedade brasileira. O trabalho das UPPs (Unidades de Pronto-Atendimento) no Rio é fantástico, mas vai precisar de continuidade e de determinação. Tenho certeza que o governador Sérgio Cabral tem essa determinação, porque o caminho não tem volta. O que está acontecendo no Rio hoje é uma reação da bandidagem que tem que ser respondida à altura", disse.