Durante a abertura da campanha contra a paralisia infantil em São Paulo, realizada na manhã deste sábado (24), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, rebateu as críticas feitas ao programa Mais Médicos ao afirmar que a iniciativa do governo federal está cercada de "segurança jurídica".
Padilha pediu ainda que os críticos não "ameacem a saúde da população". "O governo já ganhou todas as medidas judiciais. Nós temos muita segurança jurídica do que estamos fazendo e eu acho que quem tem crítica pode fazer sugestões, mas não venham ameaçar a saúde da nossa população que não tem médico".
A declaração é uma resposta à medida da AMB (Associação Médica Brasileira), que entrou com uma ação na última sexta-feira (23) no Supremo Tribunal Federal para pedir a suspensão da medida provisória que criou o programa do governo federal.
Segundo o órgão, a dispensa de revalidação do diploma de medicina de profissionais graduados no exterior "coloca a população em risco". Também justifica o pedido com a "falta de garantias de que os estrangeiros tenham conhecimentos de língua portuguesa".
O programa foi alvo de cinco ações judiciais, três na Justiça Federal em Brasília e duas no STF. O Mais Médicos foi questionado pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) em mandado de segurança sob relatoria do ministro Marco Aurélio Mello. Além da ação de Bolsonaro, havia outro questionamento da Associação Médica Brasileira que foi negado pelo ministro plantonista Ricardo Lewandowski antes mesmo de ouvir as partes envolvidas.
Sobre as críticas de que os médicos cubanos vão receber menos (entre R$ 2,5 e R$ 4 mil) do que os outros médicos do programa, que vão ganhar R$ 10 mil, o ministro destacou que não é possível fazer comparação por serem realidade diferentes.
"Os médicos cubanos têm uma carreira e vínculo permanente com Cuba, o fato de virem em uma missão internacional faz com que os salários deles aumente, é um bônus no salário além da remuneração que vão ter aqui, diferentemente de outros médicos estrangeiros que vêm para cá [Brasil] e não têm emprego no país de origem", disse Padilha.
"Esses médicos terão moradia e alimentação garantidas pelos municípios que assumiram o compromisso de participar do programa. O Ministério da Saúde vai acompanhar de perto as condições de vida desses profissionais para que tenham tranquilidade para atuar e atender bem a nossa população", declarou. De acordo com o Ministério da Saúde, serão repassados R$ 10 mil por médico cubano à Opas, que fará o pagamento ao governo cubano. Em acordos como esse, Cuba fica com uma parte da verba.
Chegada dos cubanos
Os primeiros médicos cubanos que vieram ao Brasil para integrar o programa desembarcaram no Aeroporto Internacional de Recife, em Pernambuco, por volta das 13h55 deste sábado (24).
Em Fortaleza, os profissionais desembarcam no Aeroporto Internacional Pinto Martins às 13h20. No Recife, eles chegam às 16h05 ao Aeroporto Internacional Gilberto Freyre. E em Salvador, os médicos desembarcam às 18h50 no Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães.
Os cubanos, assim com os demais profissionais estrangeiros, serão encaminhados para alojamentos militares nas respectivas cidades. A chegada dos médicos de Cuba, no entanto, tem gerado polêmicas no país. Eles serão direcionados para atuar nos 701 municípios que não foram escolhidos por nenhum médico na etapa de chamamento individual do programa, tanto de brasileiros quanto de estrangeiros
Em tom de ameaça, representantes regionais da classe médica rotularam de "ilegal" a atuação de profissionais cubanos no Brasile prometeram acionar a polícia quando eles começarem a trabalhar no país. Presidentes de CRMs (Conselhos Regionais de Medicina) também chamaram o programa de "afronta" e disseram que eventuais erros cometidos por cubanos não serão corrigidos por brasileiros.