A Corregedoria-geral do Ministério Público do Estado de Goiás informou, nesta sexta-feira (13), a instauração de reclamação disciplinar contra o procurador de Justiça Demóstenes Torres. O senador cassado retornou ao MP goiano na quinta-feira (12), mas pediu licença do cargo por cinco dias.
Em nota, a corregedoria afirma que o procedimento tem como objetivo "apurar eventual infringência de dever funcional", com base nas informações divulgadas a partir da Operação Monte Carlo. Diz ainda que a apuração tem caráter sigiloso. O órgão diz ter solicitado documentos ao Senado Federal e à Procuradoria-Geral da República.
Na quarta-feira (11), logo após a cassação de Demóstenes por quebra de decoro parlamentar no Senado, a corregedoria do MP-GO havia informado que aguardava o retorno do procurador às suas funções para "adotar as providências pertinentes para instauração de procedimento disciplinar para apuração de eventual falta funcional".
A sala destinada a ele na 27ª Procuradoria de Justiça está pronta, com dois auxiliares à disposição. Mas nenhum processo foi distribuído para a procuradoria da qual Demóstenes é titular.
Demóstenes Torres entrou para o MP em 1987. Em 1999, saiu de licença para ser secretário estadual de Segurança Pública. Eleito senador da República por duas vezes, ficou afastado das funções por 13 anos. Com a cassação, ele teve seus direitos políticos suspensos por oito anos, a contar do fim do mandato parlamentar, que se encerraria em 2019, ficando inelegível até 2027.
O ex-democrata, atualmente sem partido, foi cassado por 56 votos a 19, acusado de quebra de decoro parlamentar por defender os interesses do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, no Congresso. Cachoeira foi preso durante a Operação Monte Carlo, em Fevereiro deste ano, apontado como chefe de uma quadrilha de exploração de jogos ilegais no estado. A Polícia Federal gravou quase 300 ligações entre os dois no prazo de um ano.