Na contramão do bolsonarismo, Lula vai explorar verde e amarelo no 7/9

O lema escolhido para o desfile de comemoração da Independência do Brasil é “democracia, soberania e união”

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) | Reprodução
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O governo liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está se preparando para realizar sua primeira cerimônia do Dia da Independência, em 7 de Setembro, com o objetivo de transmitir uma mensagem de unidade nacional. A intenção é contrapor a polarização que caracterizou a data e as Forças Armadas durante os anos de Jair Bolsonaro (PL) na presidência.

O lema escolhido para o evento é "democracia, soberania e união". As cores verde e amarelo serão empregadas na tentativa de mostrar que esses símbolos não foram apropriados pelo bolsonarismo. Ao longo desta semana, a Esplanada dos Ministérios já está sendo preenchida por arquibancadas, palcos e faixas com as cores da bandeira nacional.

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Com esse lema, o governo visa associar as três Forças Armadas ao conceito de democracia, enfatizando esse tema em um evento que tradicionalmente possui um viés militar. A Amazônia terá um destaque especial, e a temática da preservação será utilizada como demonstração de soberania.

Logo do 7 de setembro do governo Lula, em 2023. - Divulgação

Os responsáveis pelo planejamento no governo têm como intenção criar uma nova abordagem para o feriado, destacando uma mensagem mais institucional e afastada de disputas partidárias.

Este evento ocorrerá nove meses após o episódio de 8 de janeiro, no contexto das investigações em andamento que apontam para a suposta participação de oficiais das Forças Armadas e policiais em tramas golpistas. Membros das Forças Armadas estão sendo diretamente investigados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e alguns deles, que ocuparam cargos no governo Bolsonaro, estão sob prisão ou sob investigação.

No ano anterior, o desfile de 7 de Setembro foi utilizado como um ato de campanha por Bolsonaro, que naquela época estava concorrendo à reeleição. Logo após o desfile na Esplanada dos Ministérios, ele proferiu um discurso em um palco montado para o evento.

O plano atual do governo é criar uma exposição na Esplanada ao longo da semana do Dia da Independência, destacando os setores que têm relevância em relação à soberania do país: a capacidade das Forças Armadas, a ciência e tecnologia, e a Amazônia. Esses stands também apresentarão demonstrações, de acordo com informações obtidas.

Boa relação entre Planalto e Exército

A gestão Lula tem buscado fortalecer a relação com os militares, após um período inicial marcado por desconfiança. O presidente tem demonstrado apoio às três Forças Armadas, participando de almoços com comandantes, cerimônias e alocando recursos.

O Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado na segunda semana de agosto, inclui um foco de investimento direcionado aos projetos estratégicos militares.

Lula deverá proferir um pronunciamento na noite de 6 de setembro, véspera dos desfiles militares do Dia da Independência. Essa abordagem já foi adotada pelo presidente em várias celebrações do 7 de Setembro durante seus dois primeiros mandatos.

No presente ano, o desfile em Brasília contará com a presença de Lula e outras autoridades, como é habitual, mas será mais conciso, com uma previsão de duração de duas horas. A avaliação é de que a celebração anterior era muito longa, tornando-se cansativa, e que não é mais necessário envolver tantos órgãos como anteriormente.

O governo não pretende incluir personalidades nos palanques, como foi feito por Bolsonaro. Também não está planejada a presença de chefes de Estado. Em anos anteriores, presidentes de outros países estiveram em Brasília nesta data, como o francês Nicolas Sarkozy (2009) e a argentina Cristina Kirchner (2008).

Após participar das celebrações, Lula viajará para a Índia, onde participará das reuniões do G20 nos dias 9 e 10 de setembro.

A Polícia Federal (PF) não fará parte do evento deste ano, assim como outros setores. No entanto, a corporação não demonstrou objeções à decisão. De acordo com membros do governo, a organização da celebração está sendo coordenada em colaboração com os representantes das três Forças Armadas.

Possibilidade de protestos

No Palácio do Planalto, não há preocupação quanto à possibilidade de protestos, embora o Exército e a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF) estejam monitorando bolsonaristas que planejam realizar manifestações contra o presidente Lula durante o desfile.

De acordo com informações dos serviços de inteligência militares e da Segurança, até o momento nenhuma figura de destaque do bolsonarismo manifestou publicamente ou em grupos de mensagens o apoio a protestos contra o atual governo. Assessores do presidente analisam a chance de vaias e protestos contrários. A avaliação é de que não há risco de repetição do incidente de 8 de janeiro, nem algo semelhante.

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