Em seu último pronunciamento em cadeia de rádio e TV nesta quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se despediu em tom emocionado, citando sua origem pobre como um dos fatores que o ajudaram a "superar desafios".
Ele deixa o governo em 1o de janeiro após oito anos com aprovação recorde de 80 por cento.
"Meu sonho e minha esperança vêm das profundezas da alma popular, do berço pobre que tive e da certeza que, com luta, coragem e trabalho, a gente supera qualquer dificuldade", afirmou.
"E quando uma pessoa do povo consegue vencer as dificuldades gigantescas que a vida lhe impõe, nada mais consegue aniquilar o seu sonho, nem sua capacidade de superar desafios."
Ele voltou ao tema ao se dizer um "brasileiro comum" com experiência de superação e acusando os antecessores de ter governado apenas para a elite. "Se governei bem, foi porque antes de me sentir presidente, me senti sempre um brasileiro comum que tinha que superar as suas dores, vencer os preconceitos e não fracassar".
Durante a mensagem, de pouco mais de dez minutos, Lula considerou simbólico que o primeiro presidente operário passe a faixa à primeira mulher eleita para a Presidência. Também recomendou aos brasileiros que não o questionem sobre seu futuro, mas se questionem sobre o futuro do país.
Lula apresentou um balanço de sua gestão e pediu à população que apoie a sucessora Dilma Rousseff, afirmando que ela tem "competência" para governar o Brasil e é a pessoa "que mais do que ninguém conhece o que foi feito no Brasil". Dilma foi ministra de Minas e Energia e da Casa Civil.
Para listar avanços do governo, Lula usou tabelas e estatísticas. Citou a maioria dos programas do governo (Bolsa Família, Luz para Todos), obras como a transposição do rio São Francisco, as futuras hidrelétricas de Jirau, Santo Antônio, que estão sendo construídas no leito do rio Madeira, além de Belo Monte, no rio Xingu. Disse ainda que o Brasil conquistou seu "passaporte para o futuro" com a descoberta do pré-sal.
Defendendo as políticas sociais adotadas pelo governo, o presidente afirmou que o combate à pobreza foi "a melhor política de desenvolvimento".
De acordo com Lula, 2010 registrará um crescimento de quase 8 por cento, enquanto a geração de empregos formais deve atingir 15 milhões. Ele indicou que 28 milhões de pessoas foram retiradas da linha da pobreza e 36 milhões promovidas para a classe média.
Para exemplificar as conquistas, citou ainda o crescimento das reservas internacionais, "dez vezes mais do que tínhamos no início do nosso governo", e o fato de o Brasil ser credor e não devedor do Fundo Monetário Internacional.
Em tom ufanista, Lula discursou confiante numa ampliação das conquistas nos próximos anos: "Agora, estamos provando ao mundo e a nós mesmos que o Brasil tem um encontro marcado com o sucesso".