Novo advogado de Mauro Cid afirma que ele é um 'militar cumpridor de ordens'

Mauro Cid está detido desde maio e enfrenta suspeitas de envolvimento em um esquema de desvio e venda de joias recebidas pela Presidência, além de adulteração de certificados de vacina.

Mauro Cid, segundo o advogado, estaria apenas cumprindo ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro | Reprodução/Alan Santos / PR/Divulgação
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O recém-nomeado advogado de Mauro Cid, Cezar Bitencourt, destacou nesta quarta-feira (16) que seu cliente é um "militar cumpridor de ordens". Bitencourt assumiu a defesa de Mauro Cid na noite anterior, marcando a segunda mudança na equipe de defesa do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).

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Bitencourt afirmou que Cid é um oficial que coloca a execução de ordens acima de tudo, inclusive que militares também podem seguir ordens ilegais e injustas

O advogado também defendeu que Cid é alguém que está sofrendo uma grande injustiça. Ele planejava se encontrar com o militar para elaborar uma estratégia de defesa. Mauro Cid está detido desde maio e enfrenta suspeitas de envolvimento em um esquema de desvio e venda de joias recebidas pela Presidência, além de adulteração de certificados de vacina.

"Ordens ilegais, ordens injustas, os militares também as cumprem. Acredito que não é aceitável cumprir ordens criminosas. Iremos avaliar quando e onde uma ordem criminosa surgiu, se surgiu, e se ele tinha conhecimento disso. São questões de foro íntimo."

Neste contexto, a possibilidade de um acordo de delação premiada por parte de Mauro Cid não está atualmente em consideração pela defesa, mas não é descartada. Essa é a opinião de Bitencourt, expressa em uma entrevista à CNN Brasil. Ele mencionou reconhecer a delação como uma medida legal, porém a vê como uma situação extrema, e disse que discutiria essa possibilidade com Cid.

"Eu sou crítico em relação à delação, é algo extremo na verdade. No entanto, se necessário, não descartamos. A guerra é a guerra, não é? Faremos o que for necessário."

Cezar Bitencourt é o terceiro advogado a assumir a defesa de Mauro Cid. Antes dele, Bernardo Fenelon estava à frente da defesa do oficial até o último domingo (13), quando renunciou. Essa saída ocorreu após novas revelações sobre a suposta participação de Cid no esquema de desvio de joias da Presidência.

Vale ressaltar que, anterior a Fenelon, o advogado criminalista Rodrigo Roca, próximo da família Bolsonaro, também atuou na defesa de Mauro Cid, mas saiu do caso alegando motivos profissionais.

Na última sexta-feira (11), uma operação da Polícia Federal voltou as atenções para Cid e seu pai, o general Mauro Lourena Cid, além do advogado Frederick Wassef e do assessor Osmar Crivelatti. De acordo com a PF, Cid vendeu dois relógios de luxo nos EUA por US$ 68 mil em junho de 2022. Esses objetos haviam sido presenteados ao Brasil. Os valores foram transferidos para a conta do seu pai no exterior, o general Cid, de acordo com a investigação.

Outra tentativa de vender joias nos EUA aconteceu em fevereiro deste ano. Segundo a PF, um conjunto de joias de ouro deixou o país ilegalmente em dezembro de 2022, rumo aos EUA, onde Bolsonaro e sua comitiva viajaram no fim de seu mandato. As joias foram leiloadas em fevereiro, mas não atraíram interessados.

De acordo com PF, os recursos provenientes da venda desses itens eram repassados em dinheiro vivo para Bolsonaro. A participação do ex-presidente também é sugerida pelo fato de que as joias eram levadas para o exterior durante viagens presidenciais em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).

"Os valores provenientes dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e eram inseridos no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de intermediários e sem a utilização do sistema bancário tradicional, com o intuito de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores."

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