Estudos conduzidos pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelam que a reformulação recente do programa Bolsa Família, implementada este ano, tem se mostrado altamente eficaz no enfrentamento da pobreza no Brasil. Sob coordenação do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, capitaneado pelo ex-governador do Piauí, Wellington Dias, o programa conseguiu retirar todos os seus beneficiários da extrema pobreza e 92,4% deles da linha da pobreza.
Durante o seminário intitulado "Bolsa Família 2.0: garantia de renda e mobilidade social", realizado na sede da FGV no Rio de Janeiro na terça-feira (26), foi apresentada uma pesquisa que demonstrou que, desde sua reestruturação, o programa retirou 19,7 milhões de famílias da linha da pobreza. Rafael Osório, pesquisador do IPEA, enfatizou que as modificações implementadas no início do ano ampliaram a capacidade de resgatar os beneficiários da pobreza, mantendo essas famílias protegidas contra o retorno à situação de necessidade.
Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, destacou a importância dos estudos apresentados pela FGV, IPEA e Banco Mundial, ressaltando que a nova fase do Bolsa Família já coloca 92,4% das famílias beneficiárias fora da linha da pobreza. “Quando agente olha para as famílias do programa e vê que elas conseguem tomar café, almoçar e janta todos os dias, vemos que estamos indo no caminho certo. E foi dito aqui, cientificamente, que esse investimento faz diferença na história de vida dessas pessoas", declarou o ministro.
Impacto na economia local é destacado pelo Banco Mundial
Um dos pontos abordados durante o seminário promovido pela FGV foi o impacto da transferência de renda do Bolsa Família na economia local, tema de pesquisas desenvolvidas pelo Banco Mundial. A economista sênior do Banco Mundial, Joana Silva, apresentou a pesquisa "Cash Transfer and Formal Labor Market - Evidence from Brazil".
De acordo com a pesquisadora, foram encontradas evidências de que a ampliação do Programa Bolsa Família impulsionou as economias locais no Brasil. Ela ressaltou que o aumento nos pagamentos totais do programa resultou em um incremento no número de empregos formais no setor privado.
"As transferências monetárias tornaram-se uma das principais ferramentas de proteção social no mundo em desenvolvimento. Avaliando a expansão do Programa Bolsa Família, o maior programa de transferência condicional de renda do mundo, encontramos um impacto positivo no mercado de trabalho formal local e na economia em geral. A evidência sugere também que os programas de transferência monetária podem ter importantes efeitos positivos na economia local", destacou Joana Silva.
Johannes Zutt, diretor do Banco Mundial no Brasil, sublinhou a sólida parceria entre o Banco Mundial e o governo brasileiro, mencionando que essa colaboração existe desde o início do programa, ao longo de 20 anos. Ele salientou a assistência técnica, os estudos, as pesquisas e as recomendações fornecidas pelo banco. Johannes Zutt também informou que o banco está atualmente conduzindo uma nova pesquisa para analisar o estímulo ao trabalho promovido pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social por meio de sua secretaria de inclusão socioeconômica.