Neste domingo (16), ocorreu o terceiro grande ato nacional em protestos pelo Brasil. Mas de acordo com especialistas, essa manifestação perdeu força quando comparado com os protestos de março e abril, que foram os primeiros registrados no país.
De acordo com eles, os protestos pouco afetaram o governo já que ele teve uma boa reação nos dias anteriores ao evento e a oposição demorou muito para se posicionar nas manifestações.
O pesquisador Jairo Pimentel da consultoria da APPC afirmou que tudo foi neutro e as manifestações não vão afetar o governo. “Esses atos não vão piorar nada. Para ocorrer o impeachment, é preciso ter elementos mais tangíveis, como descobrir que ela participou diretamente dos crimes da operação Lava Jato, ou por crime de improbidade no Tribunal de Contas da União”, disse ele.
“Vejo esses atos como 'desinflados', com um começo de perda do empuxo popular. Acho que é natural, pois é difícil manter a mesma dinâmica por muito tempo. Em relação ao governo, o saldo é positivo, pois há claramente uma regressão da postura mais agressiva em comparação a momentos anteriores. A movimentação política desta semana indica um certo esforço de moderação, com o recuo de Renan no Senado; um isolamento do presidente da Câmara [Eduardo Cunha], e as convergências de apoio na faixa empresarial”, opinou Fábio Wanderley Reis, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Já o pesquisador Hilton Cesário Fernandes, da Fespsp (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), declarou que o governo soube reagir dessa vez, ao contrário de março e abril. “Teve o o reposicionamento de Dilma durante a semana, que compareceu a mais eventos, depois ao se aproximar com o PMDB, via Renan Calheiros, com o acordão [Agenda Brasil], e ainda um movimento dentro do PT para se unir em torno da presidente. Os atos anteriores foram precedidos por manifestações sindicais, mas que aconteceram dias antes do 'Fora Dilma'. Desta vez, o PT programou uma manifestação no mesmo dia, na frente do Instituto Lula, sem partir para o confronto. Isso foi muito estratégico, pois não importa tanto a quantidade de pessoas, já equilibra um pouco o assunto”, disse.