Edilene Lôbo, a primeira ministra negra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), marcou um momento histórico ao participar de sua primeira sessão plenária na Corte. Em seu discurso, enfatizou a importância de superar as desigualdades de gênero e raça.
Esse lugar não é só meu, não é só de uma pessoa. Este lugar e esta missão são a um só tempo resultado e ponto de partida de lutas históricas de grupos minorizados para vencer a herança estrutural de desigualdade de oportunidades que precisa ser superada em nossa nação.
A ministra abordou a desigualdade estrutural de oportunidades enfrentada por mulheres negras. Ela ressaltou que as mulheres negras representam apenas 5% da magistratura nacional, havendo somente uma senadora autodeclarada negra, o que equivale a menos de 1% do Senado. Além disso, há 30 deputadas, correspondendo a cerca de 6% da Câmara Federal. Nas lideranças do mundo corporativo, as mulheres negras ocupam apenas 3% dos cargos, contrastando com a realidade em que representam 65% das empregadas domésticas.
Quero agradecer a todas as pessoas que colaboraram nessa conjunção de energias, me lembrando das pequeninas meninas negras de minha infância, em Taiobeiras. É de lá que trago o sonho de que podemos mais. O povo pobre, que resiste há séculos e luta pelo resgate de sua história, esperançando, senta-se comigo nessa cadeira.
"Brasil tem todas as condições de dar um passo a frente para mudar realidade de sub-representação feminina em cargos eletivos", disse ela, cobrando do Judiciário um "olhar sensibilizado" para questões de gênero e raça.
Lôbo assumiu a cadeira hoje ao substituir o ministro titular André Ramos Tavares. Fala da ministra acontece pouco antes da aposentadoria da ministra Rosa Weber do STF. Grupos progressistas têm se mobilizado para que o presidente Lula (PT) indique uma mulher negra para substituí-la.