Obama, esperança contra a frustração

Obama, esperança contra a frustração

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H? apenas tr?s meses, poucos duvidavam da indica??o de Hillary Clinton ? presid?ncia dos Estados Unidos. Hoje, muito poucos t?m essa certeza. A elei??o norte-americana vai sendo tomada por um sentimento, o da esperan?a, natural em um pa?s que se viu imerso na decep??o e, principalmente, na incerteza quanto ao futuro.

Esse sentimento, t?o comum na pol?tica brasileira, de vez em quando atravessa a hist?ria dos Estados Unidos. Kennedy e Carter foram filhos desse tipo desentimento. No in?cio da d?cada de 60, o mundo buscava novos horizontes, aprofundar as transforma?es que os anos 50 iniciaram. JFK personificou o sonho de um novo mundo. Em 76, Carter era a perspectiva de superar a frustra??o, a revolta e a vergonha da Guerra do Vietn? e do esc?ndalo Watergate.

Outra vez os Estados Unidos est?o em meio a um sentimento de frustra??o e vergonha (onde a guerra do Iraque ? a parte mais vistosa). Para piorar, t?m a perspectiva de dias dif?ceis na ?rea econ?mica, no rastro da crise hipotec?ria e de uma d?vida p?blica que bate o teto. Isto ?, h? um recha?o ao presente e graves incertezas quanto ao futuro. Uma dura quebra na imagem de fortaleza econ?mica t?o cuidadosamente alimentada.

? onde Obama Barak aparece, como s?mbolo de esperan?a de novos rumos. Nunca os jovens norte-americanos participaram t?o intensamente de pr?vias eleitorais. E o grosso da juventude tem referendado o nome do senador negro. A chance de Obama ser o candidato democrata cresce na mesma medida em que aumenta na popula??o o desejo de mudan?a. Mas n?o uma simples mudan?a de um democrata por um republicado, ou ao contr?rio. O cidad?o est? indo mais al?m e buscando mudan?a mais substantiva.

Hillary quis apropriar-se do desejo de mudan?a. Abra?ou esse discurso no primeiro enfrentamento das prim?rias. Perdeu. Da?, tratou de priorizar o discurso da seguran?a - tem mais experi?ncia que Obama. O novo rumo deu algumas importantes vit?rias ? ex-primeira dama. Mas as ?ltimas semanas t?m mostrado que isso pode ser insuficiente. Hoje, o senador negro parece termais chances de ?xito que a senadora por Nova Iorque.

O fato de ser negro ? um sinal evidente de que sua elei??o ? um novo rumo. Mas tamb?m seria no caso de Hillary, uma mulher. O fundamental mesmo ? que Obama oferece um discurso muito mais amplo que o posicionamento ?tnico: apresenta uma id?ia de novo pa?s, ainda que n?o fique muito claro que pa?s ser? esse. E, ao fim e ao cabo, traz junto a esperan?a de novos rumos que Hillary - que j? esteve por oito anos no centro do poder - n?o pode oferecer.

E a esperan?a ? sem d?vida um b?lsamo para as pessoas premidas pela dureza do presente e as incertezas do futuro. No slogan de campanha, Obama ? cristalino: Mudan?a, n?s podemos acreditar. O apelo publicit?rio est? batendo no cora??o de boa parte dos norte-americanos.

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