O deputados fluminenses se dividiram hoje (16), entre questionar e defender as iniciativas do governo estadual para impedir a aprovação, na semana passada, da Emenda Ibsen, que altera a distribuição dos royalties do petróleo. Durante ato contra a emenda federal, na Assembleia Legislativa (Alerj), o único consenso era tentar reverter a decisão no Senado.
Para o presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Royalties, deputado Glauco Lopes (PSDB), faltou habilidade ao governo federal para não deixar a emenda entrar na pauta de votação. "Se havia entendimento para que se tratasse da matéria com mais cautela, se o governo não era a favor da distribuição [dos royalties] do pós-sal, como deixou colocar em pauta?", questionou.
Lopes avalia que o governo federal poderia ter mobilizado a base aliada para impedir a aprovação. "Como isso não aconteceu, foi como naquele programa Quem quer dinheiro", disse em relação aos 369 votos a favor da emenda e 72 contra.
O deputado Alessandro Molon (PT) culpou a falta de uma "ação preventiva" por parte do governo estadual. Segundo Molon, em vez de procurar, agora, lideranças políticas, o governo deveria ter se mobilizado antes. "O governo confiou errado. Devia ter agido e trabalhado em vez de simplesmente ter dito que os outros estados não podiam roubar o Rio", afirmou. "É lamentável que tenhamos chegado até aqui".
Uma postura "arrogante" do estado também favoreceu as alterações na regras de distribuição dos royalties, na avaliação do deputado Marcelo Freixo (PSol). Além da demora na articulação contra o texto do deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), Freixo acredita que o governador Sérgio Cabral estava confiante na influência do presidente, Luiz Inácio Lula. "Movido pela amizade do governador com o presidente, se fez uma avaliação equivocada desse processo. Houve, sem dúvida, atitude inábil", declarou.
Na defensiva, o líder do governo na Alerj, deputado Paulo Melo (PMDB), disse que não há culpados no executivo. Para ele, tanto o governo federal quanto o governo estadual trabalharam "duro", por meses, para chegar a um consenso, que seria a repartição dos royalties que virão da exploração do pré-sal. "Houve oportunismo político", sentenciou. "O presidente Lula se empenhou, a base que não seguiu", acrescentou.