Os investigadores da Polícia Federal afirmam que as evidências apresentadas na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, anteriormente ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, continuarão válidas apesar de sua nova prisão, ordenada pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, na sexta-feira (22).
Para eles, as alegações de que Cid violou os termos de sua delação ao discutir o assunto em áudios divulgados pela revista "Veja" não alteram a situação dos inquéritos que envolvem Jair Bolsonaro.
QUAL A RAZÃO? Isso porque a maior parte das informações apresentadas nos depoimentos de Cid foi corroborada, de forma independente, por diálogos nos telefones celulares apreendidos ao longo da apuração. As articulações de um golpe de Estado, por exemplo, estão comprovadas por esses diálogos e também por meio de outras testemunhas, como os ex-comandantes das Forças Armadas que foram consultados por Bolsonaro sobre o assunto.
A Polícia Federal também considera que, caso o ministro Alexandre de Moraes opte por rescindir o acordo de delação de Mauro Cid, os seus depoimentos permanecerão válidos, uma vez que foi o próprio Cid quem provocou a rescisão ao violar os termos do acordo.
O acordo não incluía benefícios imediatos para o tenente-coronel. Segundo os termos, ao término das investigações, o STF iria avaliar a eficácia do acordo e determinar quais benefícios ele deveria receber, sendo o perdão judicial uma das possibilidades.
Com a busca e apreensão realizada também na sexta-feira, os investigadores pretendem analisar se Mauro Cid estava em comunicação com pessoas próximas a Jair Bolsonaro e se agiu para obstruir as investigações.