Em posse de um único registro de áudio, adquirido como parte da investigação da venda indevida de presentes oficiais recebidos pelo governo de Jair Bolsonaro, a Polícia Federal revela o ex-ajudante de ordens Mauro Barbosa Cid discutindo três assuntos que implicam os sujeitos sob investigação:
- citação a US$ 25 mil supostamente endereçados ao ex-presidente Jair Bolsonaro;
- tratativas para a venda de estátuas de palmeira e um barco folheados a ouro, recebidos pela comitiva brasileira durante visita oficial ao Bahrein em 2019;
- negociações para levar a leilão um dos kits recebidos na Arábia Saudita com relógio e joias masculinas.
Conforme o inquérito, a comunicação foi encaminhada por Mauro Cid ao assessor especial de Jair Bolsonaro, Marcelo Câmara.
Nesta sexta-feira, a Polícia Federal iniciou uma operação visando indivíduos associados a Bolsonaro que são suspeitos de supostamente tentar e até mesmo comercializar presentes recebidos por membros do governo durante deslocamentos oficiais.
Conforme detalhado pela Polícia Federal, um total de quatro mandados de busca e apreensão foram executados em diferentes localidades: Brasília (DF), São Paulo (SP) e Niterói (RJ).
As ordens judiciais foram emitidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que é o relator do inquérito responsável por investigar a suposta atuação de uma milícia digital contra a democracia.
Conforme informado pela Polícia Federal, os delitos que estão sendo investigados no âmbito da operação conduzida nesta sexta-feira são lavagem de dinheiro e peculato, que envolve o desvio de recursos públicos.
No áudio, Mauro Cid compartilha com Marcelo Câmara informações relacionadas a um "conjunto", que inclui um relógio, agendado para ser leiloado em 7 de fevereiro de 2023.
No entanto, o ex-ajudante de ordens da Presidência da República não fornece detalhes específicos sobre o conjunto no áudio. A Polícia Federal identificou que esse conjunto se trata das joias masculinas que foram oferecidas a Jair Bolsonaro na Arábia Saudita, e posteriormente o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que essas joias fossem restituídas ao governo após alguns meses.