A Polícia Federal, em inquérito enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o dinheiro proveniente da venda ilegal das joias sauditas por auxiliares de Jair Bolsonaro foi direcionado para o patrimônio do ex-presidente. Esse montante teria sido utilizado para cobrir despesas dele e de sua família nos Estados Unidos no início de 2023.
Segundo a Polícia Federal, as joias sauditas, presenteadas pelo governo da Arábia Saudita ao governo brasileiro durante a gestão Bolsonaro, deveriam ter sido incorporadas ao patrimônio do Estado. No entanto, conforme o inquérito, essas joias acabaram sendo direcionadas para o patrimônio pessoal do ex-presidente.
PATRIMÔNIO PESSOAL
"Identificou-se, ainda, que os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores", afirmou a PF.
CUSTEIO DE DESPESAS NOS EUA
"Tal fato indica a possibilidade de que os proventos obtidos por meio da venda ilícita das joias desviadas do acervo público brasileiro, que, após os atos de lavagem especificados, retornaram, em espécie, para o patrimônio do ex-presidente, possam ter sido utilizados para custear as despesas em dólar de Jair Bolsonaro e sua família, enquanto permaneceram em solo norte-americano", completou a PF.
ORDENS PARTIRAM DE BOLSONARO
A Polícia Federal concluiu que as ordens para a venda das joias sauditas partiram diretamente de Jair Bolsonaro para seus auxiliares. Essa conclusão foi baseada nos depoimentos de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e braço direito de Bolsonaro, e Osmar Crivelatti, ex-auxiliar do presidente.
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
Segundo a PF, as joias dadas ao governo Bolsonaro somam R$ 6,8 milhões atualmente. O relatório policial aponta que a venda tinha como objetivo o enriquecimento ilícito do ex-presidente, mas não afirma que todo o dinheiro tenha ido para ele.
"No sentido de valorar os bens que foram objeto dos atos de desvio (e tentativa de desvio) perpetrados pela associação criminosa com a finalidade de enriquecimento ilícito do ex-presidente JAIR BOLSONARO, as joias foram submetidas à procedimento pericial, com o objetivo, dentre outros, de aferir o valor mercadológico dos bens", explicou a polícia.
US$ 25 MIL EM ESPÉCIE PARA BOLSONARO
"Os elementos de prova colhidos, demonstraram que Mauro Cesar Lourena Cid recebeu, em nome e em benefício de Jair Messias Bolsonaro, pelo menos US$ 25 mil, que teriam sido repassados em espécie para o ex-presidente, visando, de forma deliberada, não passar pelos mecanismos de controle e pelo sistema financeiro formal", afirma a PF.