A Polícia Federal ouve neste domingo (23) nove servidores do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência identificados em imagens do circuito interno do Palácio do Planalto durante a invasão golpista do dia 8 de janeiro.
As oitivas foram determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga possível omissão de autoridades nos ataques às sedes dos três Poderes.
A lista com os nomes dos militares foi entregue ao STF pelo ministro interino do GSI, Ricardo Cappelli, após ordem de Moraes para que todos fossem identificados e ouvidos.
Entre eles está o major do Exército José Eduardo Natale de Paula Pereira, flagrado pelas imagens dando água para os golpistas. Ele atuava como coordenador de segurança de instalações dos palácios presidenciais.
Os depoimentos não significam a culpa dos agentes. A participação ou omissão deles ainda será investigada.
A invasão do Planalto ganhou nova repercussão nos últimos dias após ser divulgado um trecho do circuito interno, até então inédito, que mostra o então ministro do GSI, Gonçalves Dias, circulando entre os golpistas.
Após a divulgação do vídeo pela CNN Brasil, na quarta-feira (19), Dias se demitiu. Ele afirmou que estava no Planalto para retirar os invasores de lá.
Todas as imagens do circuito interno, que compreendem centenas de horas de gravação, foram liberadas pelo GSI por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Na sexta, a Polícia Federal ouviu o general da reserva Gonçalves Dias. Ele negou ter sido conivente com os golpistas e disse que estava fazendo "gerenciamento de crise". O ex-ministro afirmou que, sozinho, não teria conseguido prender os extremistas.
"Indagado porque, no 3° e 4° pisos, conduziu as pessoas e não efetuou pessoalmente a prisão, respondeu que estava fazendo um gerenciamento de crise e essas pessoas seriam presas pelos agentes de segurança no 2° piso tão logo descessem, pois esse era o protocolo", registrou a PF durante o depoimento de Dias.