A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira (24), durante declaração à imprensa no Palácio do Planalto, que há uma "generalizada percepção" de que a "pior parte" da crise financeira que atingiu diversas economias do mundo "ficou para trás".
Após reunião da Cúpula Brasil-União Europeia, da qual participaram José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, e Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, a presidente Dilma destacou que a avaliação entre os líderes é de que a situação melhorou.
"Tanto nesta cúpula quanto na edição anterior, em Bruxelas, as perspectivas da economia internacional ocuparam uma parte da nossa agenda. O fato é que nós pudemos ouvir hoje entre nós uma avaliação melhor do que naquele momento, tanto do ponto de vista das perspectivas das economias americana, chinesa, e também a própria evolução da situação econômica da União Europeia, onde há uma generalizada percepção que a pior parte ficou para trás", afirmou a presidente.
Dilma voltou a reiterar a importância de programas para aumentar a competitividade da economia como forma de superar a crise.
Ela disse que a recém-anunciada redução no custo da energia é uma das medidas tomadas pelo governo brasileiro para aumentar a competitividade do Brasil. Destacou também que é preciso mesclar as ações de competitividade com "uma política de desenvolvimento que valorize a distribuição de renda".
"Seja através da redução do custo do trabalho, através das desonerações das folhas de pagamento, da redução do custo da energia. Enfim, focamos em todas as questões consideradas relevantes para o aumento da competitividade", afirmou a presidente, citando o programa Ciência Sem Fronteiras, que oferece bolsa de estudo para estudantes brasileiros no exterior, como exemplo de programa que aumentou a competitividade do Brasil.
A presidente Dilma Rousseff destacou que a parceria entre os países do Mercosul e da União Europeia também é fundamental para a superação da crise.
"Nos próximos dias teremos uma reunião de alto nível entre Mercosul e União Europeia que consideramos estratégica. Temos a oportunidade de definir os próximos passos de acordo de associação entre mercosul e União Europeia. Acordo esse que [...] deve representar um equilíbrio nas assimetrias", disse.
Durante a reunião, o ministro de Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp firmou parceria com o Joint Research Centre da Comissão Europeia para desenvolver atividades de cooperação entre o Brasil e o centro europeu. Além disso, o Ministério da Agricultura brasileiro e um representante do bloco assinaram um memorando de entendimento para a criação de um grupo de trabalho com o objetivo de trocar informações sobre bem-estar de animais de produção.
Participaram da cúpula os ministros Marco Antonio Raupp (Ciência e Tecnologia), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Marco Aurélio Garcia (assessor especial para assuntos internacionais), Aloizio Mercadante (Educação), Guido Mantega (Fazenda), Antonio Patriota (Relações Exteriores), Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Paulo Bernardo (Comunicações).
Conflitos armados
Em seu discurso na declaração à imprensa, a presidente voltou a pedir o "diálogo" como saída para os conflitos armados pelo mundo, e citou os casos da Síria, que está em guerra civil desde 2011, de Mali e Guiné-Bissau.
"O Brasil considera que a responsabilidade pelo acirramento no conflito na Síria, prioritária, vem do governo de Damasco, mas as oposições armadas tem postura de incremento do conflito. Pensamos que a solução deve ser através do dialogo, ficou visível que através do conflito armado não se chegara a um acordo."
Sobre o Mali, afirmou que a situação é "preocupante" e que é preciso que a comunidade interncional participe de diálogos. "É muito preocupante o conflito armado numa área recorrente que desandou para o Mali, por grupos que agora criam instabilidade não só no Mali como em outros países na região. Advogamos uma participação da comunidade internacional na solução do conflito."
A presidente Dilma Rousseff frisou ainda que o Brasil tem "interesse" em participar do processo de paz na Guiné-Bissau.
"Também não podemos ficar indiferentes à situação vivida na Guiné-Bissau, principalmente um país de língua portuguesa. [...] Temos interesse de participar do processo para que essa situação de conflito armado e a instabalidade devido ao tráfico de drogas e tráfico de armas seja resolvida", afirmou. Ela disse considerar "muito importante" a indicação de Ramos Horta para ser o representante especial do secretário da ONU no conflito naquele país.