Presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno, 75, diz que a existência do esquema do mensalão petista está comprovada.
"O processo aí no Supremo está nos dizendo que o fato existiu. Ou então estão fazendo um julgamento fictício", disse anteontem ao ser questionado sobre recentes negativas do ex-presidente Lula sobre o esquema.
Sobre o resultado do julgamento até agora, o líder da Igreja Católica no Brasil disse apenas que respeita as decisões do Supremo Tribunal Federal. "Ele [STF] que tem o processo na mão, analisa, e nós confiamos na decisão final da Justiça", declarou.
Em conversa com a reportagem no Seminário Bom Jesus, ele comparou o efeito pedagógico do mensalão com a Lei da Ficha Limpa.
"Acho que [a Lei da Ficha Limpa] tem um sentido pedagógico. Assim como quando me perguntavam sobre a questão do mensalão, dizia que tinha uma função pedagógica para o Brasil, no sentido de que isso exposto publicamente reforça a educação da sociedade para a tolerância zero com relação à corrupção", afirmou.
A reportagem indagou o presidente da CNBB sobre declaração nesta semana da nova ministra da Cultura, a petista Marta Suplicy, na qual chamou o ex-presidente Lula de "Deus".
"Eu não creio que nem o Lula acredita que ele é Deus [risos]. Foi uma força de expressão. O próprio Lula tem consciência de que ele é um cidadão com suas qualidades e suas limitações", disse.
Dom Raymundo destacou como positiva a troca, no Senado, de Marta Suplicy, defensora de bandeiras do movimento gay, por Antonio Carlos Rodrigues (PR), seu suplente que hoje é vereador em São Paulo e já se declarou contrário a aborto, eutanásia e casamento civil entre pessoas de mesmo sexo.
"Para nós é sempre visto como positivo [essa troca de perfil]. Nós sempre defendemos valores que são universais, com todo respeito a opções, grupos de pessoas que pensam diferentes."