Avessa a entrevistas, a presidente Dilma Rousseff falou menos com jornalistas no segundo ano de seu mandato. Das 100 entrevistas que concedeu desde que tomou posse em 2011, 64 foram no primeiro ano e 36 em 2012.
Na hora de falar com exclusividade, a presidente tem priorizado veículos estrangeiros e programas de televisão do Brasil, em especial os de entretenimento.
A maior parte de todas as 22 entrevistas exclusivas concedidas por Dilma nos dois primeiros anos do mandato foi para a imprensa internacional (9) e para programas populares da TV brasileira (6), nos quais ela dificilmente é questionada sobre temas espinhosos.
Sem o traquejo para falar de improviso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, auxiliares acreditam que a fórmula tem funcionado para a imagem da presidente.
Diante dos bons índices de popularidade do governo, que se mantém com 62% de aprovação, a estratégia de comunicação deve ser mantida.
Lula também falou pouco com a imprensa nos primeiros anos de governo. Segundo balanço divulgado no Blog do Planalto, ele deu 1.004 entrevistas --quase 80% delas no segundo mandato.
Diferentemente de Dilma, Lula investiu na imprensa regional, responsável por mais de um terço das entrevistas exclusivas que concedeu.
Sempre que pode, Dilma evita o tumulto dos "quebra-queixos", jargão jornalístico que define as entrevistas coletivas em que repórteres se amontoam com microfones e gravadores apontados para o rosto dos entrevistados e disputam "no grito" a pergunta a ser respondida.
A presidente tem optado por falar nos discursos oficiais sobre temas do momento, como a redução da conta de luz. Também é comum declarações em viagens internacionais, diante de um número menor de jornalistas.
Das 78 entrevistas coletivas que concedeu em dois anos, 27 foram no exterior.
Uma outra característica é o costume de, a depender da ocasião, retomar uma entrevista encerrada para acrescentar declarações. Foi assim em dezembro, quando, horas depois de ter sido questionada, voltou a se dirigir aos jornalistas para rechaçar a sugestão de demissão do ministro Guido Mantega (Fazenda), feita pela revista britânica "The Economist".
Nos programas de TV, Dilma mostra quase sempre uma faceta mais adocicada. Para o "Fantástico", da Globo, abriu as portas da casa oficial, o Palácio do Alvorada.
Diante das câmeras, fez uma omelete para Ana Maria Braga, do "Mais Você". E, para a apresentadora Regina Casé, também na Globo, revelou que o neto Gabriel, 2, é quem lhe diz "não" com frequência.