Sem apoio de parte do PT para coordenar o debate da reforma política na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) recebeu neste sábado o apoio público do PMDB à sua indicação.
O líder peemedebista na Câmara, Eduardo Cunha (RJ) disse que se o deputado Henrique Fontana (PT-RS) fosse escolhido no lugar de Vaccarezza para coordenar os debates, o PMDB e outras legendas deixariam a comissão que discute a reforma.
"Se Fontana fosse o coordenador, seria difícil alguém participar. O PMDB, por exemplo, não participaria", afirmou Cunha no Twitter.
Vaccarezza foi indicado pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para coordenar o debate sobre a reforma política. A indicação irritou parte da bancada do PT, que divulgou nota para defender o nome de Fontana --que comandou outra discussão sobre a reforma política na Casa.
Para Cunha, Henrique Alves indicou Vaccarezza para viabilizar a aprovação da reforma, o que não ocorreria se Fontana estivesse à frente da comissão. O líder do PMDB disse que o presidente da Câmara não quis interferir na "representação do PT", que tem o direito de escolher "quem quiser" para a comissão da reforma política.
"O presidente Henrique quis constituir um grupo, onde todos participariam, inclusive Fontana, mas coordenado por alguém mais isento do processo. Todos sabem na casa que a postura do Fontana, apesar de ser legítima, inviabilizou qualquer votação. Para constituir um grupo e pôr o Fontana, era só pôr a comissão da qual ele é relator para funcionar, o que ele não consegue", atacou Cunha.
O pemeedebista disse ainda, no Twitter, que o debate no PT em torno da indicação de Vaccarezza para a comissão mostra que "não querem debater outra proposta".
Até a noite de ontem, 40 dos 89 deputados do PT haviam assinado manifesto contra a permanência de Vaccarezza na coordenação da comissão da reforma política. O documento chama de conservadora a decisão do presidente da Câmara de criar "mais uma comissão" para a reforma política em vez do plebiscito.
O líder do PT na Câmara, José Guimarães (PT-CE), também divulgou nota reafirmando a defesa do plebiscito e dizendo que as opiniões de Vaccarezza não expressam o pensamento da bancada ou do PT.
"As posições do PT e da bancada no grupo de trabalho criado pelo presidente da Câmara serão defendidas pelo deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), indicado pelos parlamentares petistas para compor o colegiado."
O site apurou que Dilma está contrariada com a nomeação de Vaccarezza, que se manifestou publicamente contra o plebiscito proposto pelo governo e defendeu que a reforma política só passe a vigorar a partir de 2018. Segundo petistas, Dilma reclamou de sua postura.
Em sua defesa, Vaccarezza divulgou outra nota na qual afirma que os "ataques pessoais" feitos pelos colegas de partido aprofundam a "descrença da sociedade" nos partidos e em seus representantes políticos.
"Ao contrário do que pregam, o grupo de trabalho e a minha atuação como seu coordenador facilita e agiliza a realização da consulta popular e a busca do entendimento necessário para a concretização da reforma política que a sociedade clama", afirmou o deputado.
Vaccarezza reafirma, na nota, sua disposição em viabilizar a aprovação de plebiscito para que a população opine sobre a reforma política. "Já me comprometi com o líder do meu partido, o deputado José Guimarães, e com o presidente do PT, Rui Falcão, de que vou trabalhar pessoalmente pela coleta de assinaturas do projeto de decreto legislativo para a realização do plebiscito."