O presidente do PT, José Eduardo Dutra, contestou a versão do PSDB de que petistas e o presidente Lula estariam impedindo a divulgação de informações oficiais do inquérito da Polícia Federal sobre a quebra de sigilos de pessoas ligadas ao candidato tucano à presidência, José Serra. O ataque foi feito pelo presidente do PSDB, Sérgio Guerra, durante entrevista no Rio de Janeiro e publicado em nota na noite desta quinta-feira (21). Dutra rebateu que as quebras foram motivadas por uma "central de espionagem comandada pelo PSDB e pelo deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB - RJ)" .
- O que o Sérgio Guerra não quer levantar é que o depoimento do Amaury fala que começou a investigar esse assunto porque tinha uma central de espionagem comandada pelo PSDB e pelo Marcelo Itagiba.
Segundo Dutra, o PT pediu, nesta quarta (20), acesso à íntegra do depoimento do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, apontado pela PF como o mandante das quebras de sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e da filha e genro de Serra, Verônica Serra e Alexandre Bourgeois. No Rio, Guerra confirmou que teve acesso ao depoimento de Amaury por intermédio de Eduardo Jorge.
- Ontem, nós entramos com um pedido para ter acesso aos autos, que nós não temos. Quem tem acesso aos autos e fica liberando o que lhe interessa é o Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB, que é parte no processo por ter tido seu sigilo fiscal quebrado.
Dutra afirma que o PSDB levanta suspeitas para desviar a atenção das notícias de que Amaury era funcionário do jornal O Estado de Minas em outubro de 2009, época em que houve as quebras de sigilo. Segundo publicou o jornal Folha de S.Paulo, Amaury também disse em seu depoimento que iniciou o processo das quebras de sigilo para proteger o ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves, que disputava com Serra quem seria o candidato do PSDB à presidência.
- Na verdade Sérgio Guerra está incomodado porque o inquérito da PF comprovou que todas as acusações que eles faziam contra nós eram infundadas. O fato da quebra do sigilo aconteceu quando o Amaury era empregado do Estado de Minas, quando nós não tínhamos campanha nem pré-campanha ainda.
Guerra destaca que o depoimento de Amaury também responsabiliza o deputado estadual do PT, Rui Falcão, por roubar e vazar as informações sigilosas. "Primeiro eles nos acusam de ter mandado quebrar sigilo e fazer um dossiê, agora o PT está roubando um dossiê?", questiona Dutra.
Terra Magazine - Qual a sua reação e do PT à afirmação do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, de que o PT e o presidente Lula estariam impedindo a divulgação das informações da Polícia Federal?
José Eduardo Dutra - O depoimento do Amaury está sendo vazado para a imprensa por Eduardo Jorge. Nós entramos com uma ação pedindo para ter acesso aos autos. Na verdade Sérgio Guerra está incomodado porque o inquérito da PF comprovou que todas as acusações que eles faziam contra nós eram infundadas. O fato da quebra do sigilo aconteceu quando o Amaury era empregado do Estado de Minas, quando nós não tínhamos campanha nem pré-campanha ainda.
Eles criaram um factoide de que nós encomendamos. Essa pessoa que encomendou a quebra dos sigilos não tinha nenhuma relação conosco e na época da quebra dos sigilos tinha uma ligação com um órgão de imprensa. Então, ele está incomodado por isso. Engraçado é o seguinte: primeiro eles nos acusam de ter mandado quebrar sigilo e fazer um dossiê. Então, antes o PT tinha encomendado um dossiê, agora o PT está roubando um dossiê? É uma coisa sem pé nem cabeça.
Guerra levanta as novas informações sobre o depoimento do jornalista Amaury, de que ele estaria de férias do Estado de Minas na época e que os dados teriam sido roubados pelo deputado estadual do PT, Rui Falcão.
O que o Sérgio Guerra não quer levantar é que o depoimento do Amaury fala que começou a investigar esse assunto porque tinha uma central de espionagem comandada pelo PSDB e pelo Marcelo Itagiba. Por isso que nós fizemos um aditamento ao pedido do inquérito. Porque esse inquérito está acontecendo por um pedido nosso. Nós fizemos um aditamento para que se investigue essa tal central de espionagem. Nisso o Sergio Guerra não quer tocar.
O PSDB também questiona o fato de a candidata Dilma ter mencionado o depoimento de Amaury em público. O PT teve algum acesso ao depoimento?
Nós fizemos uma solicitação com base no que saiu na imprensa. Desde a primeira vez. Quando saiu a notícia da imprensa de que tinha havido a quebra do sigilo, fizemos a requisição com base no que saiu na imprensa. Depois, fizemos um aditamento também com base no que saiu na imprensa. Todas as ações foram baseadas no que saiu na imprensa. Ontem, nós entramos com um pedido para ter acesso aos autos, que nós não temos. Quem tem acesso aos autos e fica liberando o que lhe interessa é o Eduardo Jorge. Ele, como é parte, tem acesso aos autos. E fica vazando o que lhe interessa. Então, estamos solicitando acesso aos autos também.