O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Márcio Elias Rosa, vai examinar se há indícios de envolvimento do ex-governador paulista José Serra (PSDB) com o cartel do setor metroferroviário. O inquérito que apura o caso foi remetido a Márcio Elias pelo promotor de Justiça Marcelo Milani, porque apenas o chefe do Ministério Público Estadual pode investigar um ex-governador. ?Eu já firmei opinião no sentido de que há indícios da participação do ex-governador?, disse Milani em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo.
O alvo da investigação é o chamado projeto Boa Viagem, de modernização de trens, implantado na gestão do tucano. Para embasar a necessidade de aprofundar as apurações em relação ao ex-governador, Milani cita depoimento prestado em novembro do ano passado pelo ex-diretor da Nelson Branco Marchetti à Polícia Federal.
De acordo com a manifestação do promotor de Justiça, Marchetti relatou ter sofrido pressão de assessores de Serra para desistir de qualquer judicial contra a licitação do Boa Viagem. ?O executivo diz que se reuniu com Serra em 2008 em uma feira na Holanda. Segundo ele, o ex-governador lhe disse que, caso a Siemens conseguisse na Justiça desclassificar a empresa espanhola CAF em uma licitação de compra de trens da CPTM, o governo iria cancelar a concorrência porque o preço da multinacional alemã era 15% maior?, escreve o repórter Fausto Macedo.
Marchetti afirmou, em depoimento à PF, que mesmo não tendo o capital social integralizado exigido em edital, a CAF foi defendida por Serra e seus secretários. Procurada pelo Estadão, a assessoria do ex-governador informou que ele não irá comentar o envio dos autos à Procuradoria-Geral de Justiça. Quando o teor do depoimento do ex-executivo da Siemens foi divulgado na imprensa, o tucano declarou que a empresa espanhola venceu a licitação com base no critério do menor preço.