O Partido Socialismo e Liberdade (Psol) definiu, nesta sexta-feira (15), durante executiva nacional, a sua posição diante do segundo turno das eleições presidenciais. A decisão divulgada pelo secretário geral do Psol Afrânio Boppre, depois de uma reunião de três horas, foi a de recomendar aos militantes do partido o voto nulo ou um "voto crítico" em Dilma Rousseff (PT). "Essa definição é uma demarcação de que, se depender da posição do Psol, nenhum voto será destinado ao candidato José Serra (PSDB)", afirmoi Boppre à imprensa.
De acordo com o partido, a decisão não se trata de apoio ou coligação a qualquer candidato, mas sim uma declaração de voto. "Nós não queremos dourar a pílula, nós sabemos que é uma candidata que tem uma posição não tão próxima do Psol, ela está distante do PSol, mas entre as duas opções nós marcamos um campo", disse o secretário geral.
O candidato derrotado à presidência, Plínio de Arruda Sampaio, afirmou que votou a favor da decisão majoritária do partido, mas declarou voto nulo. "Eu vou votar nulo, eu e vários aqui. Ninguém vai subir no palanque de ninguém. E também não tem palanque de voto nulo. Eu vou dar o voto nulo em respeito aos que votaram em mim".
Segundo Plínio, a reunião se deu em um clima cordial, de convergência e apenas teve longa duração, porque "aqui todo mundo gosta de falar". Questionado sobre a causa de não se manterem neutros, Plínio alfinetou a outra candidata derrotada à presidência, Marina Silva (PV). "Neutralidade é daquela outra moça que gosta de ficar em cima do muro. Ela e o partidinho dela", afirmou o socialista.
Apesar de Plínio ter declarado voto nulo, a bancada eleita do Psol optou pelo voto crítico à Dilma Rousseff (PT). "A bancada federal afirma em voto crítico em Dilma. Outros parlamentares também. A maioria da bancada parlamentar é favorável ao voto crítico por entender que um futuro governo Serra será um retrocesso", afimrou o deputado federal eleito Ivan Valente (Psol).
José Serra
Bem-humorado como de costume, Plínio arrancou risos dos presentes na executiva quando respondeu uma pergunta direcionada a Afrânio Boppre. Questionado sobre por que o Psol declarou o não-voto em Serra, o candidato à presidência derrotado respondeu: "o Serra é ruim demais".
Mesmo chamando Serra de "amigo Zé" durante os debates televisivos, Plínio afirmou que apesar das diferenças políticas, há uma amizade pessoal. "Existe uma amizade pessoal, outra coisa é a política. Amigos, amigos, políticas a parte. Eu quero bem o Serra, quero bem a Monica...Agora, estão profundamente errados. Farão mal ao povo brasileiro. POr isso que eu vou votar nulo", explicou o candidato.
O socialista escreveu nesta sexta-feira um manifesto à nação no qual agradece o apoio a ele durante as eleições e pondera as atitudes dos dois candidatos na disputa."O candidato José Serra representa a burguesia mais moderna, mais organicamente ligada ao grande capital internacional, mais truculenta na repressão aos movimentos sociais. (...) A candidata Dilma Rousseff é uma incógnita. Se prosseguir na mesma linha de seu criador - o que não se tem condição de saber - o tratamento aos movimentos populares será diferente: menos repressão e mais cooptação", diz o manifesto.
Durante a coletiva, Plínio afirmou que o seu partido fará oposição ferrenha a qualquer um dos governos eleitos assim que cessar a eleição. "Quando fechar a urna, quando tiver o último voto na Justiça Eleitoral, vai entrar a do Psol. Somos contra e já estamos na oposição", afirmou.
Ao final da entrevista, Plínio agradeceu aos jornalistas pela cobertura durante a campanha e prometeu estar de volta em 2014. "Muito obrigada a todos vocês pela cobertura, sobretudo aos jornalistas. Porque eu não tenho nada com os jornalistas, meu negócio é com os donos de jornal. É ali que eu vou pegar duro em 2014", disse o octagenário, arrancando novos risos dos presentes.