Em reunião reservada no fim de março, a cúpula da pré-campanha de Alexandre Padilha (PT) ao governo de São Paulo cobrou explicações do ex-ministro da Saúde sobre os possíveis desdobramentos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que pudessem envolver seu nome.
Os petistas queriam saber a extensão da crise e pediram para que Padilha explicasse se ha via indicado algum diretor do laboratório farmacêutico Labogen contralado por Youssef que e é acusado de comandar um esquema de lavagem de dinheiro que pode ter movimentado R$ 10 bilhões.
Naquele momento, o objetivo era medir prováveis danos eleitorais para a campanha do ex-ministro. Padilha foi enfático em dizer que não conhecia Youssef e negou qualquer irregularidade em contratos na sua gestão.
Em 22 de março, reportagens da revista "Veja" e de "O Estado de S. Paulo" mostravam que o nome e uma foto de Padilha apareciam em relatório da PF sobre as movimentações do grupo do doleiro no Ministério da Saúde.
À época, Padilha pediu que sua equipe escrevesse uma nota à imprensa dizendo que nunca encontrou Youssef e que o Ministério da Saúde não firmou nenhum contrato com o Labogen durante sua gestão. O texto foi mais cauteloso, evitando o uso do "nunca". "Se ainda assim existir alguma irregularidade, o ex-ministro defende a paralisação do projeto, até que seja feito o esclarecimento total do contrato".
Após a nota, o noticiário esfriou e a avaliação do PT foi que a crise estava estancada.
Trinta e três dias depois, foi divulgado novo relatório da PF sugerindo que Padilha indicou no ano passado um ex-assessor para dirigir o Labogen. A suspeita é baseada numa mensagem enviada pelo deputado federal André Vargas (sem partido-PR) a Youssef com o nome e o número do ex-assessor, além dos dizeres: "Padilha que indicou".
O ex-ministro afirmou em entrevista na sexta-feira que quem diz que ele tem relações com Youssef ou fez indicação para o Labogen "mente".
Nos bastidores do PT, a avaliação é de que a situação é contornável caso não apareçam mais fatos novos contra Padilha.
O ex-ministro garante que está seguro quanto à sua conduta. Petistas, no entanto, temem o comportamento de Vargas, que anunciou sua desfiliação do PT anteontem, após pressão do partido.
Padilha é a aposta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para vencer a resistência do PT em São Paulo e tentar eleger um governador petista no Estado, prioridade do partido nas eleições 2014.
Presidente do PT-SP, Emidio de Souza diz que a substituição de Padilha na cabeça de chapa "não vai ocorrer". "Não se cogita essa hipótese [substituir Padilha]. Reafirmamos a pré-candidatura unificada de Padilha".