O ministro da Defesa, Jaques Wagner, afirmou ontem em Salvador que o PT não pode "se colocar acima" dos outros partidos e não aceitar doações de empresas.
Para Wagner, enquanto a regra de financiamento não mudar, o PT deve aceitar doações de empresas e competir com os outros partidos "dentro da mesma regra".
"Se a regra não muda, não adianta o PT mudar sua posição. Fica parecendo uma posição de querer se colocar acima [dos outros partidos]. A gente não precisa provar que é mais honesto do que ninguém", disse o ministro.
A proposta de vetar doações de empresas ao PT foi tomada em abril deste ano, dias depois do então tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, ser preso pela Polícia Federal na esteira das investigações da operação Lava Jato.
A resolução publicada pelo partido definiu que o PT receberia doações apenas de pessoas físicas. A proposta seria oficializada esta semana em Salvador.
Segundo o ministro, o PT não deveria referendar a decisão de não aceitar doações de empresas já no 5º congresso nacional do partido, que acontece a partir desta quinta na capital baiana.
Em contrapartida, o PT deve seguir na defesa da adoção do financiamento público de campanhas ou, pelo menos, a imposição de limites "significativos" ao financiamento privado nos debates no Congresso Nacional.
Questionado sobre pressões de prefeitos e líderes locais do PT contra as restrições do partido em receber doações de empresas, o ministro desconversou: "Não sei [qual a posição dos candidatos]. Não fiz sondagem sobre isso".