A Executiva do PV se reuniu nesta quarta-feira (13) em Brasília e o partido vai ampliar as consultas para decidir o seu caminho no segundo turno, que só será definido em uma plenária no próximo domingo (17), em São Paulo, onde participarão pessoas que não são do PV. Serão levadas para a decisão no colegiado as possibilidades de apoio a Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB) ou uma postura de neutralidade do partido no segundo turno.
Participaram da reunião nesta quarta 53 integrantes da Executiva. No domingo, além deles estarão presentes candidatos ao governo e ao senado pelo partido, os 15 deputados federais eleitos, conselheiros do PV e pessoas de fora do partido, como integrantes do movimento Marina Silva, pessoas que auxiliaram na elaboração do programa de governo e um grupo de lideranças religiosas que apoiou a candidatura.
Marina destacou conversas em andamento com equipes de Dilma e Serra para a discussão dos temas propostos pela ex-candidata ainda na semana passada. Ela confirmou que nesta manhã, antes da reunião, teve uma conversa com Dilma, que procurou abrir um canal para que as duas equipes programáticas dialogassem. Segundo a candidata, da parte de Serra esse pedido foi feito ao deputado federal eleito Alfredo Sirkis (PV), que foi um dos coordenadores de sua campanha. Marina reafirmou que o apoio do PV a qualquer um dos candidatos será de forma ?programática? e não em troco de cargos.
A ex-candidata lamentou que no primeiro debate do segundo turno, realizado pela TV Bandeirantes, suas propostas tenham sido ?esquecidas? por Dilma e Serra. ?Lamentavelmente, eu devo dizer, até com uma certa frustração, que não vi referências no primeiro debate à contribuição que a sociedade apresentou de sustentabilidade e de temas que apontamos como prioritários?.
Lamentavelmente, eu devo dizer, até com uma certa frustração, que não vi referências no primeiro debate à contribuição que a sociedade apresentou de sustentabilidade e de temas que apontamos como prioritários"
Marina Silva
Questionada sobre consultas informais que manifestavam uma possível preferência de integrantes do partido por Serra, Marina brincou: ?Consultas informais estão em cada canto, em cada esquina, em cada rua. Hoje, por exemplo, eu peguei um táxi e o taxista não perdeu tempo e deu a opinião dele. A opinião do taxista foi mais no sentido do caminho da independência?. Perguntada sobre o que achou da posição do taxista, a candidata provocou risos: ?Eu estava era de olho no taxímetro?.
A ex-candidata negou que tenha conversado com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e com o atual, Luiz Inácio Lula da Silva. Ela destacou que amigos em comum com FHC colocaram a possibilidade de um diálogo, que ainda não ocorreu. Em relação a Lula, Marina, que foi ministra dele por seis anos, disse que não tem porque cobrar um contato. ?O presidente Lula fez uma manifestação publica, que é de conhecimento da imprensa. Comigo, particularmente, não houve, mas não é isso que devemos ficar cobrando?.
Apesar da indecisão, o PV já sinaliza que vai liberar as pessoas que não concordarem com a definição do partido para fazer campanha para um ou outro candidato. ?O partido assegura um direito da minoria, caso não seja unanimidade. O partido tem uma cláusula que assegura aos que não foram maioria manifestar posição?.
Antes da entrevista de Marina, o deputado federal, Fernando Gabeira, que já anunciou apoio a Serra, afirmou que as pessoas do partido que discordarem da posição da plenária poderão fazer campanha, só não podendo usar símbolos do partido.
Religião
Marina Silva comentou ainda o debate sobre o aborto na campanha. Ela lembrou que chegou a ser relatada como conservadora e defendeu que o debate sobre o tema seja de mérito. ?É a primeira vez que vejo temas comportamentais assim tendo uma força tão grande na campanha eleitoral. Eu fui transparente com o eleitor e espero que este tema (aborto) seja tratado de forma responsável. O debate no Brasil é importante, mas no mérito e não com rótulos?.
O presidente do PV, José Luiz Penna, teve uma leve discordância com a candidata e afirmou que o estado laico está ?estremecido?. ?A forma laica de ser do Brasil anda muito estremecida, começa a haver manifestações muito estranhas?, afirmou.