O senador Renan Calheiros (MDB-AL) anunciou nesta sexta-feira (1°) sua intenção de buscar apoio entre as lideranças parlamentares do Senado na próxima semana para viabilizar a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem na Casa. A CPI foi autorizada em outubro, depois que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ler o requerimento de criação do colegiado apresentado por Renan.
Apesar disso, a comissão, que tem como objetivo investigar o afundamento de solo decorrente da extração de sal-gema em Maceió (AL), ainda não foi instalada devido à ausência de indicações para preencher as 11 vagas de titulares e 7 de suplentes. Segundo relatos de senadores, as lideranças da Casa foram convocadas por Pacheco em 1° de novembro para realizar as indicações. Até agora, apenas o MDB formalizou a escolha dos representantes: Renan Calheiros como titular e o senador Fernando Farias (AL) como suplente.
O próprio autor do requerimento, Renan, expressou à GloboNews sua esperança de persuadir os líderes a oficializar as indicações na próxima semana. Caso não haja indicações até a sexta-feira seguinte (8), o senador mencionou a possibilidade de ingressar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para que Pacheco, por iniciativa própria, indique os membros da comissão.
O contexto que envolve a CPI se intensifica devido ao iminente risco de colapso de uma mina de sal-gema na região da lagoa Mundaú, no bairro do Mutange, em Maceió. O estado de emergência foi decretado pela cidade em 29 de novembro, e o governo federal reconheceu a situação recentemente. Autoridades da Defesa Civil de Maceió alertam para a possibilidade de um grande colapso que resultaria em uma cratera.
Este episódio não é o primeiro sinal dos problemas causados pela atividade de mineração da Braskem na capital alagoana. Desde 2019, cerca de 55 mil moradores de cinco bairros deixaram suas casas por recomendação da Defesa Civil.
Renan Calheiros destacou que, se a CPI for instalada, ela investigará as causas e responsabilidades pelo agravamento do problema. O ministro dos Transportes e ex-governador de Alagoas, Renan Filho, expressou apoio à comissão.
No entanto, a instalação da CPI enfrenta resistência de opositores ao grupo político de Renan Calheiros no estado. O senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) é um dos críticos, argumentando que a participação de Renan na CPI "vicia toda a fiscalização". Cunha destaca que é a favor de fiscalizações, mas a presença de Renan Calheiros, ex-presidente da Salgema, empresa precursora da Braskem, pode comprometer a objetividade do processo.