Com a missão de consolidar a tese de candidatura própria do PMDB à Presidência da República, o governador do Paraná, Roberto Requião, desembarcou ontem no Piauí distribuindo elogios ao governo Lula e fazendo fortes críticas ao colega de partido e presidente do banco Central, Henrique Meireles. Sobrou até para os piauienses, que demonstram caminhar para o cargo de vice em uma composição para disputar o Palácio de Karnak. Segundo ele, o partido que não lança candidato em todas as instâncias se torna um ?balcão de negócios?.
?Para que existe um partido político? Para lançar candidato em todos os níveis. Se não lança candidato se torna um balcão de negócios, uma imoralidade completa vendendo tempo na TV?, critica Requião. Apesar de não ter fechado o apoio oficial com o diretório piauiense em torno da candidatura própria, o governador paranaense saiu do Estado com certeza de que o PMDB local marchará junto se o projeto de vôo solo for consolidado na convenção nacional da sigla, em junho.
Recebido pelo presidente regional do PMDB, o deputado federal Marcelo Castro, e pelo presidente da Assembléia Legislativa do Piauí, o deputado estadual Themístocles Sampaio, Roberto Requião não se encontrou com mais nenhum membro da maior bancada de parlamentares na Alepi, mas arrumou tempo na apertada agenda de quatro horas em solo piauiense para reunir-se com o prefeito de Teresina, Sílvio Mendes (PSDB).
Apesar das alfinetadas nos tucanos, o encontro com Mendes alimenta as especulações sobre uma aliança entre peemedebistas e o comandante do Palácio da Cidade no pleito de outubro. Requião negou qualquer possibilidade de usar a candidatura própria apenas para fortalecer seu nome como vice na chapa petista da ministra da Casa Civil, Dilma Roussef. ?Minha candidatura já está registrada. Tenho o apoio dos diretórios de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, além de estar intensificando a conversa no Rio Grande do Sul?, justifica.
Segundo o pré-candidato, o presidente do Banco Central não foi para o PT, porque ?o partido chutaria ele?. ?Estou tentando mobilizar o PMDB e não acredito em reunião da sigla com Meireles. Com ele, eu discutiria, no máximo, a ampliação do cheque especial. Foi o Lula pôs o Meireles no PMDB, isso é ruim pro Brasil, pro Lula e ruim pra nossa política?, enfatizou.
Requião evita contrapor sua candidatura à política social do governo de Lula que, de acordo com ele, é ?um dos três melhores presidentes do país?. ?O Brasil avançou muito, mas vejo necessidade de darmos passo a frente em relação ao bom governo do presidente Lula?, destaca. As críticas são concentradas na política econômica. ?Temos que defender os trabalhadores, que não podem ter salários precarizados, o país precisa se industrializar, oferecer crédito e sair do capital especulativo?, pontua.
Da sétima visita pelo país para lançar a candidatura própria, o governador do Estado com maior salário mínimo do Brasil ? R$765 - seguiu do Piauí para o Mato Grosso do Sul em busca da união do sempre dividido PMDB. (S.B.)