O embate aberto entre os poderes Legislativo e Executivo em relação ao controle do orçamento federal, intensificado por discursos proferidos nesta segunda-feira (5), resultou no cancelamento de uma reunião agendada entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e líderes partidários da Câmara dos Deputados para esta terça-feira (6).
Originalmente programada para as 16h30, a reunião foi retirada da agenda de Haddad no final da manhã, sendo oficialmente marcada como "cancelada". Entretanto, uma reunião similar entre o ministro Haddad e líderes do Senado permanecia agendada.
Segundo líderes, também pesou contra o encontro a falta de um convite para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Na segunda, ao discursar na abertura do ano legislativo, Arthur Lira enviou recados ao governo ao dizer que o Orçamento é de todos os brasileiros, não só do Executivo, e não pode ficar engessado por "burocracia técnica" e por quem não foi eleito.
O presidente da Câmara também disse que os parlamentares "não foram eleitos para serem carimbadores" das propostas do Executivo e que o Orçamento da União deve ser construído em contribuição com o Legislativo.
A crítica se dá em meio a um embate entre Executivo e Congresso em relação às emendas parlamentares.
O governo federal vetou, tanto na Lei de Diretrizes Orçamentárias quanto no Orçamento, trechos aprovados por parlamentares que ampliariam os recursos destinados pelo Congresso a suas bases eleitorais, além de acelerarem o pagamento por parte do Executivo.
"O Orçamento da União pertence a todos e todas e não apenas ao Executivo. Se assim fosse, a constituição não determinaria a necessária participação do poder Legislativo em sua confecção e final aprovação”, afirmou Lira na segunda.