Um telegrama confirma a discussão da venda de ativos da Petrobras e possível convite para o Brasil integrar a Opep em reunião na Arábia Saudita que presenteou o ex-presidente Jair Bolsonaro com joias de R$ 16,5 milhões, revela documento obtido via Lei de Acesso à Informação.
O texto, enviado pela embaixada brasileira em Riade e assinado pelo embaixador Marcelo Della Nina, é datado de 15 de novembro de 2021, cerca de 3 semanas após o encontro entre o príncipe Abdulaziz bin Salman bin Abdulaziz Al Saud e o então ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque.
O embaixador narra a reunião e relata os tópicos apresentados por ambos os lados. Em determinado momento, ele destaca que o chefe da Assessoria Especial de Relações Internacionais do Ministério das Minas e Energia (MME), Christian Vargas, "indagou à parte saudita a respeito da compatibilização entre o setor de petróleo dos países da OPEP+ e o do Brasil, onde as companhias petroleiras são de capital aberto."
"A Petrobras passa, no momento, por processo de desverticalização e de alienação de seus ativos 'downstream', como parte de reformas do setor de energia que apontam para a crescente liberalização do mercado, no qual os entes estatais encontram limitações legais para intervir", disse Vargas.
O tema foi abordado durante a discussão sobre um possível convite ao Brasil para integrar a Opep+. A organização, criada em 2016, reúne os 13 países originalmente integrantes da Opep e outras 10 nações produtoras de de petróleo.
Juntos, os 23 países são responsáveis por cerca de 40% de todo o petróleo bruto do mundo. Os telegramas apontam que, em pelo menos dois momentos, Albuquerque destacou parcerias entre o Brasil e a Arábia Saudita nos temas.