Às vésperas das eleições, o ex-jogador e candidato a deputado federal Romário (PSB), 44, afirma que atualmente é um "cara sério", maduro e atencioso com a família, longe do personagem polêmico do passado.
Prometeu que, caso eleito, não vai sumir das sessões na Câmara dos Deputados, como fazia nas concentrações, e diz que começou a pensar em ser político há um ano.
Romário, que caminhava pelas ruas de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, enquanto conversava com a Folha, irritou-se ao ser perguntado sobre suas dívidas --ano passado ele chegou a ser preso por não ter pago pensão dos dois filhos mais velhos e teve leiloada sua cobertura no condomínio Golden Green, na Barra da Tijuca, um dos mais caros do Rio, para saldar débitos. Leia trechos da entrevista.
Folha- Uma de suas bandeiras é a defesa das pessoas com necessidades especiais. O fato de ter uma filha [Ivy, 6] com síndrome de Down influenciou na sua decisão de se candidatar?
Romário - Eu comecei a pensar em política há mais ou menos um ano. Já fiz muita coisa para político, já andei em carro de bombeiro, fui a comícios e acabei me arrependendo e ficando mal nas comunidades onde eu levei essas pessoas porque eles prometeram coisas simples e acabaram não cumprindo.
Então, vou fazer diferente. Meus propósitos estão relacionados ao esporte, a grande saída para que crianças e jovens não caiam nas drogas, no crack. E tem a questão da minha filha. Sei das dificuldades que os pais, principalmente os das favelas, têm para colocar seus filhos num centro de tratamento.
O senhor já usou drogas?
Nunca usei drogas, nunca fumei, nunca bebi. Eu me orgulho muito de falar isso. Por isso os pais me veem como exemplo para seus filhos.
Mas já disse em entrevistas que nem seus filhos deveriam se espelhar no senhor.
Mas não digo isso em relação a minha profissão. Eu não fui atleta profissional, fui jogador de futebol. Então, o que eu quero é que as crianças se espelhem na minha determinação, coragem e vontade e que entendam que o esporte pode abrir portas.
Então, quando dizia para não se espelharem no senhor, estava se referindo ao fato de ser mulherengo?
Em relação a isso continuo dizendo para que as pessoas não se espelhem em mim. Mas hoje minha cabeça mudou, sou outro cara. Tenho 44 anos, aprendi, sou um pai melhor, um marido melhor, principalmente nos últimos seis anos. Minha mulher [Isabella Bittencourt], nos últimos três anos não tem muita coisa que reclamar.
Por que, no ano passado, não pagou pensão a seus filhos?
Todo mundo passa por problemas e eu não sou diferente. Isso aconteceu num momento em que algumas das minhas coisas estavam mais ou menos presas, por causa da Justiça. Mas agora 80% dos meus problemas foram resolvidos. Eu pago pensão desde 95. Em 15 anos, isso aconteceu duas vezes.
Sua cobertura na Barra da Tijuca foi leiloada para pagar dívidas. Conseguiu saldá-las?
Vocês estão aqui para tentar me atrapalhar, para fazer pergunta que não tem nada a ver com a minha campanha? O leilão foi uma dívida que eu tive, perdi, o leilão foi feito, o apartamento foi vendido por um preço que acabou sendo interessante para todo mundo e a vida segue.
O senhor já confessou que fugia da concentração até na Copa do Mundo. Vai fazer isso no Congresso Nacional?
Eu passei a não ir na concentração a partir do momento em que combinei que eu não iria. Na política é o seguinte: se eu tiver que chegar segunda-feira e voltar na outra segunda eu vou voltar. Se tiver que chegar lá terça, que é o que todo mundo faz, e voltar na quinta à noite ou sexta de manhã, eu vou fazer.