Partidos políticos usam recursos públicos para comprar carros de luxo e alugar frotas milionárias para campanhas eleitorais, revelam documentos entregues ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As prestações de contas referentes ao ano passado foram apresentadas ao TSE pelos partidos, mas ainda não foram analisadas pelos ministros.
O Avante, uma sigla de porte menor, teve o maior gasto com aluguel de veículos, declarando despesas de R$ 8,6 milhões na categoria "locação de bens móveis", que engloba carros, ônibus e outros equipamentos. Em um único contrato, o partido alugou 202 carros por R$ 1,3 milhão. O Avante contou com 1.066 candidatos e gastou mais nesse quesito do que os três maiores partidos da Câmara dos Deputados juntos: PL, PT e União Brasil, que lançaram 4,2 mil candidaturas e desembolsaram R$ 4 milhões no aluguel de bens móveis.
Embora o Avante tenha eleito sete deputados federais e nenhum governador ou senador, o partido alegou que os veículos foram "cedidos aos candidatos" e "utilizados diretamente pela direção nacional".
Além do aluguel de frotas, as notas fiscais entregues ao TSE também mostram a compra de carros de luxo. O DEM, no Amapá, adquiriu um Nissan Frontier 4x4, uma picape, ao custo de R$ 269 mil. Apesar de o DEM ter se fundido ao PSL para criar o União Brasil, o diretório do Amapá continuou declarando algumas despesas mesmo após a fusão. A nova legenda, União Brasil, também adquiriu um Toyota Corolla XEi blindado por R$ 198 mil.
A Lei dos Partidos, de 1995, estabelece as regras sobre a aplicação dos recursos públicos nessas agremiações. Nos últimos anos, o montante de dinheiro público destinado aos partidos aumentou consideravelmente com o fim das doações empresariais e a criação do fundo eleitoral.
Até junho, as legendas já tinham recebido R$ 462 milhões do fundo partidário, e ao longo do ano, serão distribuídos R$ 1,1 bilhão. O PL recebeu R$ 71,5 milhões e o PT, R$ 62 milhões.
O advogado eleitoral Paulo Golambiuk ressaltou a importância de os partidos terem um controle interno mais rigoroso para discutir a qualidade dos gastos e evitar possíveis excessos, destacando que, em muitos casos, essa fiscalização interna não é realizada adequadamente pelos partidos.
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