Em uma sessão conturbada da CPI do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a deputada Sâmia Bomfim, do PSOL-SP, teve seu microfone cortado novamente, dessa vez pelo relator Ricardo Salles, do PL-SP. A deputada alega ter sido silenciada após mencionar diretamente Salles, que aproveitou a interrupção para responder às suas acusações.
O incidente ocorreu logo após Sâmia mencionar a possibilidade de uma investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o relator. A parlamentar afirmou: "Mais um que quer que a PGR faça investigação para cortar o microfone, imagino que o senhor esteja acompanhando as notícias da imprensa, além da Polícia Federal, o senhor vai ter a PGR daqui a pouco".
Cabe ressaltar que o Ministério Público Eleitoral, vinculado ao Ministério Público Federal (MPF), já havia solicitado uma investigação da PGR sobre uma possível violência política de gênero sofrida por Sâmia. Isso ocorreu depois que o presidente da CPI, tenente-coronel Zucco, do Republicanos-RS, desligou o microfone da deputada enquanto ela lia uma notícia sobre uma investigação contra Zucco por atos antidemocráticos ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Antes de ter seu microfone cortado, Sâmia criticou a diligência realizada pelos deputados da comissão no Pontal do Paranapanema (SP), uma área invadida pela Frente Nacional de Luta no início do ano. A deputada acusou os participantes da visita de abuso de autoridade, argumentando que não havia autorização para entrar nas propriedades invadidas. Ela afirmou: "Vocês saem espalhando por aí que seríamos nós que fazemos isso, foram vocês que fizeram".
Em resposta, Ricardo Salles afirmou que "o barraco estava vazio" quando os deputados fizeram a visita. Sâmia questionou o momento escolhido pelos parlamentares para a diligência, argumentando que as pessoas trabalham e precisam viver de alguma forma. Ela ironicamente comentou: "Segunda-feira à tarde ia ter o quê? [...] Pois bem, deram com a cara na porta, não encontraram nada".
O episódio reflete a tensão presente na CPI do MST e destaca a polarização entre os parlamentares envolvidos. O corte do microfone de Sâmia Bomfim reforça as preocupações em relação ao respeito ao direito de expressão e ao debate democrático dentro da comissão. O embate entre os membros da CPI continua atraindo atenção e levanta questionamentos sobre o papel e o funcionamento dessa investigação parlamentar.
Na sua conta do Twitter, a deputada diz: "Salles e Zucco escancaram as razões para existir CPI do MST: querem fazer lobismo e blindar os grileiros e ruralistas pelos crimes que cometem no campo. Além de cometerem abuso de autoridade e assédio a trabalhadores honestos que lutam por reforma agrária".