Senado aprova PL que agrava pena de violência psicológica com uso de IA

Projeto, que segue para sanção de Lula, aumenta pena para quem usar deepfakes ou tecnologias similares

Plenário do Senado Federal | Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado Plenário do Senado Federal | Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
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O Senado Federal aprovou nesta quarta-feira o Projeto de Lei 370/2024, que estabelece o uso de inteligência artificial (IA) ou outras tecnologias que alterem a imagem e voz da vítima como agravante para o crime de violência psicológica contra mulheres. A proposta, de autoria da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e relatada pela senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB), segue agora para sanção do presidente Lula.

Atualmente, o crime de violência psicológica contra mulheres prevê pena de seis meses a dois anos de reclusão, além de multa. Com a nova lei, a pena poderá ser aumentada caso o agressor utilize tecnologias como deepfakes — vídeos ou imagens que simulam a realidade — para humilhar, ameaçar ou causar danos emocionais à vítima.

Impacto das deepfakes

Nas redes sociais, Jandira Feghali comemorou a aprovação, destacando que as deepfakes podem "destruir vidas e carreiras" e que a tecnologia não deve ser usada como arma contra as mulheres. No plenário, Daniella Ribeiro elogiou o trabalho da deputada e afirmou que o projeto é de "extrema importância" para combater a violência de gênero.

Dados alarmantes

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o país registrou 38.507 crimes de violência psicológica contra mulheres em 2023, um aumento de 33,8% em relação ao ano anterior. Outras modalidades de violência também cresceram, como:

  • Importunação sexual: alta de 48,7%;

  • Divulgação de cenas de estupro e sexo: aumento de 47,8%;

  • Stalking: crescimento de 34,5%.

Além disso, 90% dos assassinos de mulheres são homens, e apenas 7,1% desses agressores são desconhecidos das vítimas. Uma pesquisa do Instituto Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) mostrou que 37,5% das brasileiras (cerca de 21,4 milhões de mulheres com 16 anos ou mais) sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses, o maior número desde o início da série histórica, em 2017.

Outra proposta aprovada

O Senado também aprovou o PL 1238/2024, do senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), que tipifica o "estupro virtual". A proposta estabelece que a pena para estupro (de seis a dez anos de prisão) também se aplique a casos sem contato físico, ou seja, cometidos em ambientes virtuais.

As duas propostas representam avanços na legislação brasileira para combater a violência contra mulheres, especialmente em um contexto de crescente uso de tecnologias para fins criminosos.

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