O Banco Central (BC) foi acionado nesta segunda-feira (4) pela Corregedoria-Geral do Senado para abrir auditoria que apure a movimentação financeira de bancos que ofereceram empréstimos consignados aos servidores da Casa durante a gestão do ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi.
De acordo com o corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), o BC vai examinar se financiamentos feitos a servidores durante a gestão de Zoghbi ultrapassaram o percentual limite de 30% do salário, como estipula o regimento interno da Casa. Segundo a assessoria de Tuma, o ofício enviado ao BC partiu de ordem do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), na quarta-feira (29).
O pedido de auditoria da Corregedoria-Geral faz parte das investigações sobre irregularidades em contratos de instituições financeiras que ofereceram a servidores do Senado empréstimos consignados. O G1 procurou Zoghbi no Senado pelo telefone, mas foi informado de que ele só trabalha pela manhã.
Denúncias publicadas na imprensa no final de abril, apontam que Zoghbi lideraria um suposto esquema de desvio de dinheiro em operações de crédito consignado. Ele teria orientado funcionários a optar pelo Banco Cruzeiro do Sul na hora de buscar crédito. Na quinta (30), a presidência do Senado suspendeu contrato com o banco até que as investigações do caso sejam concluídas. O banco Cruzeiro do Sul divulgou nota anteriormente negando irregularidades.
Na mesma data de suspensão do contrato, a presidência do Senado anunciou a abertura de duas sindicâncias, uma administrativa e outra pela Corregedoria-Geral, para investigar as denúncias contra Zoghbi.
A presidência também informou que será aberto, ainda nesta semana, um inquérito policial "para apurar as alegadas implicações criminais dos fatos noticiados". Na semana passada, Zoghbi entrou com um pedido de aposentadoria.
De acordo com a corregedoria, a auditoria feita pelo BC não tem prazo legal, mas estima-se um período de 15 dias para que ela seja concluída. Seu resultado será enviado ao Ministério Público (MP), responsável pela investigação das denúncias.
A procuradoria já vem investigando outras irregularidades que envolveriam Zoghbi. O ex-diretor é suspeito de usar uma babá como "laranja" em uma empresa de consultoria que intermediou o contrato do Cruzeiro do Sul com o Senado.
Neste fim de semana, a Revista "Época" trouxe entrevista com Zoghbi e sua esposa, na qual afirmaram que há fraudes no Sistema de Processamento de Dados (Prodasen), na comunicação social, no transporte, na vigilância, no serviço de segurança e na área de taquigrafia.