Falando da tribuna do Senado nesta quinta-feira (2), o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), defendeu o presidente José Sarney (PMDB-AP) e criticou o DEM por ter pedido seu afastamento do comando da Casa.
"Eles [o DEM] recém ajudaram a eleger o presidente Sarney e agora não podem se retirar e dizer que a crise é apenas de Sarney", afirmou Mercadante, que cobrou do partido oposicionista a responsabilidade por comandar atualmente e ter comandado a primeira secretaria da Casa durante gestões passadas.
Ainda segundo Mercadante, a bancada petista sugeriu o licenciamento do presidente da Casa para assegurar um clima político favorável ao próprio. "Era uma proposta construtiva [o licenciamento por 30 dias]. Nenhuma bancada apresentou proposta de renúncia do presidente Sarney", declarou o líder petista.
Mercadante classificou Sarney como um "aliado fundamental, importante para manter a governabilidade" do Planalto. O líder petista também defendeu a atual Mesa Diretora. "É verdade que a mesa atual está tomando as medidas. A imprensa precisa registrar a importância das medidas adotadas por essa mesa", discursou.
O senador Tião Viana (PT-AC) seguiu o mesmo tom de Mercadante. "Essa crise não é política, não é uma crise de nomes, mas é uma crise estrutural", disse. Acompanhando o discurso de Mercadante, o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), pregou a paz entre PT e PMDB. "Temos que brigar, temos que discutir, mas temos que estar juntos. Daqui para frente é 2010, Mercadante", afirmou Salgado ao líder petista.
DEM se defende
O líder do DEM, José Agripino Maia (RN), rebateu as críticas feitas pelo líder do PT. Para Agripino, a bancada do DEM "rasgou a própria carne" ao decidir pedir o afastamento de Sarney.
"Para nós nos reunirmos para decidir pelo afastamento do presidente Sarney foi muito mais difícil do que a proposta adotada por vocês de que ele se licenciasse por 30 dias. Vocês não votaram nele [Sarney]. Nós votamos", argumentou Agripino. "Se temos apreço por ele, temos que ter muito mais apreço por essa Casa. Queremos passar essa crise política a limpo pelo bem da instituição", disse.
Mercadante não recuou e voltou a dizer que o DEM tem que assumir a responsabilidade pela crise. "A mais importante responsablidade administrativa dessa Casa é a de vocês. O DEM não pode simplesmente desembarcar da Mesa e dizer: eu fico aqui e vamos ver o que vem pela frente", insistiu.
Atualmente, a primeira secretaria está sob o comando do senador Heráclito Fortes (DEM-PI). Anteriormente, o posto era ocupado pelo senador Efraim Morais (DEM-PB). Por isso, o líder petista cobra o DEM. A primeira secretaria é uma espécie de "prefeitura" do Senado, responsável pelo controle administrativo, realização de licitações, contratação de pessoal e pagamentos de despesas do Senado, entre outras atribuições.
Fortes partiu para o ataque lembrando a Mercadante o período em que o PT administrou o Senado, quando o senador Tião Viana (PT-AC), então vice-presidente da Casa, assumiu como presidente após a renúncia de Renan Calheiros (PMDB-AP).
"Essa crise é do PT. O senador Tião Viana presidiu essa casa durante três meses. Por que não demitiu o [ex-diretor-geral] Agaciel [Maia]?", questionou Fortes, fazendo referência ao ex-diretor, que é apontado como um dos principais responsáveis pela crise no Senado.
Para Fortes, os partidos devem parar de encontrar culpados e assumir a tarefa de acabar com a crise que envolve a Casa. "Esta crise pertence a 81 senadores", discursou Fortes.
Ainda nesta quinta, o líder do PTB, Gim Argello (DF), vai conversar com Lula às 19h30. Por volta das 20h, a bancada do PT, que ainda está dividida entre apoiar o licenciamento ou defender a manutenção de Sarney no cargo, vai levar todas as propostas elaboradas pela bancada ao presidente. Os petistas esperam que Lula consolide a posição do partido.