Sergio Moro está disposto a renunciar e ir embora do Brasil, diz colunista

O senador tem procurado amigos e aliados que residem nos Estados Unidos em busca de oportunidades de emprego

Senador Sergio Moro | Roque de Sá/Agência Senado
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Sergio Moro (União Brasil) está considerando a possibilidade de renunciar ao seu mandato como senador. Existe a especulação de que o parlamentar esteja antecipando uma possível cassação de seu mandato, nos moldes de seu aliado Deltan Dallagnol. A idéia é que Moro se posicione como um perseguido político no Brasil. Segundo o colunista Daniel Cesar, do Último Segundo, o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) tem procurado amigos e aliados que residem nos Estados Unidos em busca de oportunidades de emprego, o que poderia assegurar sua permanência no país americano.  

Uma fonte próxima a Moro disse que o assunto está sendo tratato internamente e com discrição" e que o senador recebeu conselhos de um importante líder político logo após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de cassar o mandato do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR).

"Ele sabe que vai ser cassado, então precisa controlar a narrativa. Ficar gritando que foi injustiçado resolve? Talvez, mas só para um grupo. O movimento de renúncia e denunciar que é perseguido político para o mundo dá certo", teria dito o líder partidário ao senador. "O melhor exemplo é o Jean [Wyllys] que vendeu para o mundo todo que o Brasil vivia com a democracia contaminada".  

Inicialmente, Moro rejeitou a ideia, afirmando que não é do seu feitio fugir da luta. No entanto, seus principais assessores lembraram que não há uma perspectiva favorável em termos judiciais e que sua cassação é provável. Pessoas próximas iniciaram negociações com contatos nos Estados Unidos, que garantiram boas oportunidades de emprego para o ex-juiz no país. Isso fez com que Moro começasse a considerar a possibilidade com mais seriedade.

"Existe a problematização da esposa. Ela está muito feliz como deputada e não quer ir embora do Brasil. Mas isso é facilmente contornável", confirmou a fonte, à Daniel Cesar, sem explicar qual seria a solução. Ao ser questionado se há um prazo para a renúncia do ex-juiz, a resposta foi taxativa. "Quando ele sentir que está emparedado e que é a única alternativa", respondeu, antes de concluir: "A tendência é que o Moro vire o Jean Wyllys da direita".  

“Meu sentimento é de indignação”, diz Dallagnol após ser cassado pelo TSE

Deltan Dallagnol (Podemos-PR) se manifestou no Twitter após ter seu mandato de deputado federal cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por unanimidade, na noite da última terça-feira (17). Ele  afirmou que seu sentimento é de indignação  e que nenhum obstáculo vai impedi-lo de continuar a lutar pelo seu  propósito de vida de servir a Deus e ao povo brasileiro. O TSE considerou que Dallagnol fraudou a Lei da Ficha Limpa ao sair do MPF, em novembro de 2021.

“344.917 mil vozes paranaenses e de milhões de brasileiros foram caladas nesta noite com uma única canetada, ao arrepio da lei e da Justiça. Meu sentimento é de indignação com a vingança sem precedentes que está em curso no Brasil contra os agentes da lei que ousaram combater a corrupção. Mas nenhum obstáculo vai me impedir de continuar a lutar pelo meu propósito de vida de servir a Deus e ao povo brasileiro”, escreveu

Através das redes sociais, o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) se mostrou indignado com a cassação de Dallagnol, que é seu aliado desde os tempos da Lava Jato. “É com muita tristeza que recebo a informação da cassação do mandato de deputado federal Deltan Dallagnol. Estou estarrecido por ver fora do parlamento uma voz honesta na política que sempre esteve em busca de melhorias para o povo brasileiro. Perde a política”, escreveu Moro, que completou: “Minha solidariedade aos eleitores do Paraná e aos cidadãos do Brasil”.

Cassação

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu nesta quinta-feira, de forma unânime, por 7 a 0, cassar o registro de candidatura do deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR). Essa decisão resulta na perda de seu mandato. Conforme a determinação, os votos recebidos por Dallagnol serão destinados ao seu partido. A decisão foi tomada por unanimidade, com todos os ministros seguindo a posição do relator, ministro Benedito Gonçalves. 

Orelator considerou que Dallagnol pediu exoneração do cargo de procurador para evitar uma eventual punição administrativa, o que poderia torná-lo inelegível. O pedido de cassação foi apresentado pela Federação PT, PCdoB e PV, juntamente com o PMN. O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) havia rejeitado a solicitação, mas os partidos recorreram ao TSE. 

A Corte decidiu invalidar o registro de candidatura de Dallagnol, o que leva à perda de seu mandato na Câmara. O cumprimento da decisão deve ser imediato. O deputado federal Dallagnol ainda pode recorrer por meio de embargos ao próprio TSE e ao STF, mas já perde o mandato a partir de agora e os votos recebidos por ele serão contabilizados para seu partido.

Dallagnol, ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, foi eleito o deputado mais votado do estado nas eleições de 2022, com 344.917 votos. Os ministros do TSE julgaram um recurso apresentado pela Federação Brasil da Esperança (PT/PCdoB/PV) no Paraná e pelo PMN, que chegou ao TSE no final de janeiro. O relator na corte é o ministro Benedito Gonçalves.

 

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