A campanha promovida por familiares do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu para captar doações e pagar a multa do mensalão anunciou nesta segunda-feira (17) já ter captado R$ 565.766,99. O valor é equivalente a 58,2% da multa de R$ 971 mil imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O ex-ministro foi condenado no processo do mensalão a dez anos e dez meses de prisão pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa. Ele começou a cumprir pena somente por corrupção ativa (7 anos e 11 meses) porque recorreu da pena por formação de quadrilha. A multa que Dirceu pagará à Justiça foi calculada pela Vara de Execuções Penais do Distrito Federal.
Nota publicada no blog de Dirceu informa que até as 12h desta segunda-feira foram registradas 1.794 doações, chegando ao valor de R$ 422.766,99. Além disso, segundo o blog, estão disponíveis na conta de Dirceu outros R$ 143 mil que são sobras de arrecadação de José Genoino, Delúbio Soares e de João Paulo Cunha, petistas presos que também fizeram campanhas para obter o dinheiro da multa imposta pelo Supremo.
A família de Genoino arrecadou R$ 761,9 mil, pagou a multa de R$ 667,5 mil e doou um excedente de R$ 94,4 mil para Delúbio. O ex-tesoureiro, por sua vez, conseguiu mais de R$ 1 milhão, pagou R$ 466,8 mil e usará R$ 372 mil para pagar a multa do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, também condenado e preso.
No último dia 4, o ministro do STF Gilmar Mendes cobrou, em declaração à imprensa, que o Ministério Público apure as arrecadações de dinheiro para o pagamento de multas do mensalão. Para o ministro, há suspeita de "lavagem de dinheiro".
O PT protocolou pedido no Supremo e no Tribunal de Justiça do Distrito Federal para que o ministro explique as declarações.
Após o senador petista Eduardo Suplicy (PT) enviar carta a Mendes afirmando que as doações eram legais e não poderiam ser colocadas sob suspeita, o ministro enviou carta ao parlamentar em que afirma que as iniciativas de arrecadação ?sabotam e ridicularizam? o cumprimento das penas. Suplicy, em resposta, pediu a Mendes para se expressar "com mais reserva".