
O julgamento que tornou Jair Bolsonaro (PL) réu por tentativa de golpe de Estado ressuscitou um antigo slogan da Operação Lava Jato entre as lideranças de direita: "In Fux We Trust". A expressão, cunhada em 2016 numa troca de mensagens entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, voltou a circular após o ministro Luiz Fux manifestar dúvidas sobre a delação de Mauro Cid durante o julgamento na Primeira Turma do STF.
O jogo político no Supremo
Fux, indicado por Dilma Rousseff em 2011, foi o único a questionar aspectos processuais, embora tenha votado pela aceitação da denúncia. Advogados da defesa de Bolsonaro avaliam pedir audiência com o ministro para apresentar novos argumentos. A direita vê em Fux uma possível resistência à linha dura de Alexandre de Moraes, relator do caso
Cenário processual
O ministro também sinalizou que pode revisar a pena da cabeleireira Débora Freitas, condenada a 14 anos por pichar "Perdeu, mané" na estátua do STF durante os atos de 8 de janeiro. Fux pediu vista do processo após os votos de Moraes e Flávio Dino, demonstrando postura distinta no tratamento de casos relacionados ao suposto golpe.
Com aposentadoria compulsória prevista para 2028, Fux – hoje o decano da Corte – tornou-se peça-chave no tabuleiro político. O julgamento de mérito contra Bolsonaro está previsto para ocorrer até outubro, e sua postura pode definir os rumos do processo que ameaça o ex-presidente com penas que variam de 4 a 15 anos de prisão. Enquanto isso, o PL e aliados monitoram cada movimento do ministro, na esperança de que suas dúvidas processuais possam abrir brechas para a defesa.