O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirma que dos cerca de 400 deputados filiados a partidos governistas, apenas cerca de 150 podem ser contados como realmente fiéis ao Palácio do Planalto.
Nesse cálculo, estão apenas os congressistas de quatro partidos que têm uma "identidade ideológica, política, com o governo", declarou Chinaglia em entrevista ao "Poder e Política".
Para ele, essas legendas são "de esquerda e centro-esquerda": PT, PSB, PDT e PC do B. A identificação das agremiações com a administração da presidente Dilma Rousseff se dá "do ponto de vista histórico, do ponto de vista de enfrentamento nas lutas sociais".
Hoje, no site da Câmara, os quatro partidos citados por Chinaglia têm, somados, 154 deputados. A base de apoio total de Dilma é oficialmente maior. Pela conta do líder do governo, são 12 legendas.
O PMDB, principal aliado do Planalto, não é colocado no núcleo duro de apoio. O PMDB "ajuda" e "atrapalha às vezes, como qualquer partido da base", afirma Chinaglia.
Apesar de sua ampla maioria formal no Congresso, o governo Dilma sempre enfrentou dificuldades para vencer algumas disputas relevantes. Entre outras, coletou derrotas nas votações do Código Florestal e na lei sobre os royalties do petróleo.
Mesmo quando há uma vitória, ocorre desgaste. Foi o caso da votação em maio da medida provisória que trazia novas regras para modernizar os portos do país.
Chinaglia disse também que o projeto de lei recém-aprovado pela Câmara sobre criação de novas cidades terá de ser alterado. "Eu espero que sejam corrigidas no Senado as questões de terra pública", afirma.
Sobre as diferenças de atuação entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a atual ocupante do Planalto, Chinaglia faz a seguinte observação: "Talvez ele [Lula] dedicasse maior tempo nesse contato com lideranças dos movimentos sociais, com lideranças políticas. E ela [Dilma] talvez dedique menor tempo a esse tipo de ação. É isso".