Sob a ameaça de ser abandonado pelo próprio partido e pressionado pelo Palácio do Planalto, o chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, se comprometeu ontem a falar publicamente sobre as atividades de sua empresa de consultoria, a Projeto.
A decisão de quebrar o silêncio foi uma resposta a um ultimato do PT. Numa reunião que invadiu a madrugada de ontem, líderes do partido chegaram a discutir a saída de Palocci do governo.
Ontem, quando a Executiva Nacional do PT ameaçava lavar as mãos sobre o destino de Palocci, o ministro informou à presidente Dilma Rousseff e ao partido que falará. O comando petista decidiu esperar pelo pronunciamento antes de se manifestar sobre a crise.
O presidente da Câmara, o petista Marco Maia (RS), resolveu anular a decisão da Comissão de Agricultura da Câmara de convocar o ministro para se explicar no Congresso, para evitar que ele seja exposto a questionamentos agressivos.
A expectativa, diz o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), é que Palocci fale hoje. "Amanhã [hoje] o ministro vai oferecer explicações à imprensa, ao público." O Planalto segue com sua estratégia de evitar que Palocci fale no Congresso, diante da avaliação de que a oposição tentará transformar uma convocação do ministro numa operação para desgastar o governo Dilma.
A avaliação da equipe do ministro da Casa Civil é que o melhor caminho para dar esclarecimentos públicos é uma entrevista à imprensa.
Apesar do esforço, nenhum integrante da Executiva do PT saiu em defesa enfática de Palocci. Coube ao presidente da sigla, Rui Falcão, apoiar o ministro, ressalvando que aquela era uma opinião pessoal. "Ele agiu dentro da legalidade."
O compromisso de dar explicações públicas não aplaca a insatisfação de petistas. A avaliação é que a permanência de Palocci depende da consistência da defesa.