Candidata derrotada do PPS parafraseou Paulo Maluf (PP), um dos motivos que afastou os popular-socialistas do PT de Fernando Haddad, coligado com os .... Foto: Renan Truffi/Terra
Candidata derrotada do PPS parafraseou Paulo Maluf (PP), um dos motivos que afastou os popular-socialistas do PT de Fernando Haddad, coligado com os progressistas
Derrotada nas urnas, a candidata do PPS à prefeitura de São Paulo, Soninha Francine, brincou nesta quarta-feira sobre a responsabilidade de apoiar a candidatura de José Serra, candidato do PSDB, no segundo turno das eleições municipais. No anúncio oficial do apoio, feito hoje na sede tucana em São Paulo, ela disse que o ex-governador "será um bom prefeito", mas parafraseou uma famosa afirmação do deputado Paulo Maluf (PP-SP), quando este tentava eleger o ex-prefeito Celso Pitta, em 1996.
"Vocês me conhecem e sabem o quanto eu sou persistente. O PPS é firme e honesto na oposição e quando apoia é leal e crítico. Por último, como falei muito sério até aqui, empenho aqui minha palavra: se o Serra não for um bom prefeito, nunca mais votem nele. Ele será um bom prefeito. Mesmo assim em 2016 votem em mim, se não minha vez não chega nunca", afirmou.
O apoio do PPS à candidatura de Serra já havia sido divulgado na última terça-feira. O partido optou por não apoiar Fernando Haddad, candidato do PT, exatamente por conta de Maluf, que fez uma aliança com os petistas no início das eleições. Serra, no entanto, também esteve muito próximo de fechar acordo com o deputado.
Além disso, o PPS comunicou que o julgamento do mensalão influenciou na escolha. Por isso, o escândalo de corrupção deflagrado em 2005 foi mencionado também durante o anúncio. Coube ao presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PPS-SP), argumentar que o processo, que está sendo julgado no Supremo Tribunal Federal (STF) e tem vários líderes petistas entre os réus, tentou "corromper as bases do sistema politico brasileiro".
"O julgamento do mensalão não é um julgamento qualquer, é histórico e vai ficar para a história, tal como ficou o impeachment do (Fernando) Collor. Temos que ter a consciência que o Supremo faz seu papel e nós cidadãos temos que fazer o nosso. Não adianta discutir (o mensalão) e não levar em consideração maior o desvio de dinheiro público. Ter essa visão desse crime e apontar os crimes novos. Agora não tem mais suspeitos, não tem mais presunção de inocência: tem, sim, criminosos", opinou.
"(Eles) tentaram corromper as bases do sistema politico brasileiro. Por isso, nós estamos aqui. Não foi para ser contra o partido do mensalão. Foi por saber que essa é a melhor alternativa para São Paulo", completou, sobre a escolha de Serra para o apoio da legenda.
Serra também usou o tema ao agradecer o apoio do partido de Soninha. E, assim como Freire, não deixou de criticar a política de alianças dos petistas. "Não estou colocando ou descolando (o mensalão na campanha). O assunto está posto, não está fora da campanha porque a campanha está dentro do Brasil", disse.
"O que o PT fez no governo foi revigorar e abrir um novo surto de patrimonialismo. Inclusive, recauchutando as antigas oligarquias que comandavam esse processo. Fazendo aliança com eles. Talvez esta seja um dos maiores decepções com esse partido", afirmou em referência indireta ao acordo com Maluf.
O candidato do PSDB ainda se apresentou como "alternativa" ao que chamou de "lobotomia". "Me oponho a essa lobotomia. Existe alternativa, que é governar enfrentando interesses. Nunca fizemos loteamento e sempre tivemos maioria na assembleia. Me arrisco a dizer até do lado da Soninha, porque ela sabe que eu dialogava com todo mundo na câmara. É que há uma crise no governo. Nós representamos uma opção para os estados e municípios", disse.
Por último, ainda deu a entender que o atual prefeito paulistano Gilberto Kassab (PSD) tem uma gestão mal avaliada porque não sabe "comunicar o que fez". "O (Alexandre) Schneider (vice de Serra) ficou um pouco contaminado pelo espírito do governo do Kassab, cuja principal dificuldade é comunicar o que fez. É muito difícil fazer um balanço de tudo que foi feito. Nesse ponto de vista ele é kassabiano ou covista (Mário Covas), que era outro que tinha horror de ficar comunicando, explicando. Achava que as pessoas tinham obrigação de saber. O Kassab já é outro condicionamento psicológico. É achar que tudo no final dá certo e, se não deu certo, é porque não chegou no final", explicou.