Talebans cortam dedo de pelo menos dois eleitores

Os afegãos votaram quinta-feira (20) em eleições presidenciais --a segunda da história do país-- e provinciais

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 Dois eleitores que participaram da votação de quinta-feira no Afeganistão tiveram um dedo cortado por supostos talebans em Candahar, no sul do país, anunciou neste sábado a associação Fefa (Eleições Livres e Limpas para o Afeganistão, na sigla em inglês), primeira organização afegã de observação das eleições.

"Nossos observadores viram dois eleitores que tiveram os dedos, marcados com tinta, cortados em Candahar. Isso aconteceu no dia das eleições, durante a tarde", declarou à agência de notícias France Presse o presidente da Fefa, Nader Nadery. "Não sabemos quem é o responsável, mas sabemos que os talebans tinham ameaçado fazer isso".

Os afegãos votaram quinta-feira (20) em eleições presidenciais --a segunda da história do país-- e provinciais. Antes de colocar sua cédula na urna, eles deviam molhar o dedo em uma tinta indelével roxa. Os talebans podem ter notado esta marca, cujo objetivo era evitar os votos múltiplos.

Antes das eleições, rumores circulavam sobre ameaças supostamente proferidas pelos talebans de cortar os dedos dos eleitores. Os rumores foram desmentidos por um porta-voz dos rebeldes. De acordo com observadores independentes, o nível de participação não passou dos 10% em Candahar e ficou entre 25% e 30% na província de Helmand, no sul do país.

Declaração de vitória

Ontem os principais candidatos na eleição presidencial do Afeganistão, o presidente Hamid Karzai e seu ex-ministro Abdullah Abdullah, deram declarações comemorando suas vitórias na eleição. A Comissão Eleitoral do país, no entanto, não confirmou qualquer resultado --o calendário oficial prevê que um resultado prévio seja anunciado só a partir do próximo dia 25.

O porta-voz da Comissão Eleitoral, Zekria Barakzaï, anunciou que o comparecimento do povo às urnas deve ficar de 40% a 50%, em todo o país. O pashtun Karzai, favorito segundo as pesquisas prévias ao pleito, precisa de mais de 50% dos votos para sair vencedor no primeiro turno, uma possibilidade descartada pela equipe de campanha de seu principal adversário. O secretário da Comissão Eleitoral, Daoud Ali Najafi, afirmou, em entrevista aos meios de comunicação, que considera os anúncios dos candidatos "pouco confiáveis" e que a população só deve dar ouvidos à organização.

A comissão recebeu denúncias de fraude eleitoral, com casos de crianças depositando seu voto, pessoas que votaram duas vezes e colégios sem controle de observadores independentes nem interventores dos candidatos. Essas críticas já tinham sido repercutidas nesta quinta-feira pelo terceiro candidato em disputa, Ramazan Bashardost, que utilizou lixívia para mostrar que era possível apagar a tinta colocada no dedo para controlar o voto, e que criticou os dois favoritos, nesta sexta-feira.

O porta-voz da missão da ONU (Organização das Nações Unidas) no Afeganistão, Adrian Edwards, pediu paciência quanto aos resultados. "Não há resultados até que a Comissão Eleitoral os anuncie. O resto é especulação."

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