Um ano após o governo Lula ter declarado estado de emergência na Terra Indígena Yanomami, o retrato em janeiro de 2024 ainda é desolador. Crianças desnutridas, expostas aos ossos, enfrentam uma explosão de casos de malária e viroses. A triste realidade inclui centenas de mortes, rios poluídos pela lama e o ressurgimento do garimpo ilegal na Floresta Amazônica. Embora haja esforços do governo, as imagens de extrema magreza e doenças continuam chocando o país.
O presidente Lula, ao classificar a situação como genocídio, mobilizou órgãos federais e visitou Roraima, promovendo uma força-tarefa para auxiliar os Yanomami e expulsar garimpeiros. No entanto, as recentes fotos recebidas pelo g1, revelam que o cenário persiste, com crianças apresentando pesos equivalentes a bebês muito mais jovens, indicando uma grave crise humanitária.
Diante disso, o presidente realizou uma reunião no Palácio do Planalto para avaliar as ações implementadas e definir novas medidas. Ele afirmou que a situação dos indígenas é considerada uma "questão de Estado" e anunciou a presença permanente das Forças Armadas e da Polícia Federal na região, juntamente com investimentos de R$ 1,2 bilhão em "ações estruturantes" para 2024.
Essas ações ocorrem em resposta a medidas judiciais, incluindo a ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) para apresentar um plano de proteção aos Yanomami, com a expulsão definitiva dos garimpeiros. Outra ação judicial, movida pelo Ministério Público Federal (MPF) em Roraima, exige um cronograma para a retirada do garimpo.
Apesar de algum avanço na assistência aos indígenas nos últimos meses, há críticas de inércia e impunidade, pois os garimpeiros continuam atuando no território de maneira desafiadora. O procurador da República em Roraima alerta para a possibilidade de investigação por genocídio, uma medida que o próprio presidente Lula havia determinado para apurar as condutas do governo anterior.
Procurado pela reportagem, o Ministério dos Povos Indígenas afirmou que o governo mobilizou "uma operação interministerial para salvar vidas e garantir o acesso à saúde dos povos Yanomami". Elencou ainda investimentos, a ampliação de unidades de saúde e o envio de agentes de saúde ao território.
O Ministério da Defesa disse que o apoio logístico das Forças Armadas resultou na distribuição de toneladas de alimentos e materiais de apoio. Também citou atendimentos médicos, evacuações aeromédicas e a prisão de suspeitos de garimpo. O Ministério da Saúde afirmou que a "desassistência e desmonte das políticas de saúde indígena ainda causam consequências profundas que estão sendo combatidas com ações de emergência e estruturantes de forma interministerial".