O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, reiterou as afirmações que foram feitas durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os Atos Golpistas, no Congresso Nacional. Ele rejeitou categoricamente ter solicitado o levantamento de dados dos eleitores ou ter exercido influência na atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o segundo turno das eleições de 2022.
Essa afirmação foi proferida durante uma sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre Atos Antidemocráticos, realizada na Câmara Legislativa do Distrito Federal, hoje, quinta-feira (10). O mencionado mapeamento consistia em exibir as áreas onde os candidatos Lula e Bolsonaro obtiveram mais de 75% dos votos no primeiro turno das eleições do ano anterior.
"Não fui eu [que determinou o levantamento]. A inteligência [do Ministério da Justiça] tem como uma das funções fomentar discussão. Ali naquele momento, nossa intenção era reprimir os crimes eleitorais, independente do partido", disse Torres.
De acordo com suas declarações, durante a apresentação do mapeamento, ele optou por não prosseguir com a iniciativa. "Não dei seguimento porque não percebi qualquer ligação disso com atividades criminosas. Questionando como isso poderia se relacionar com um delito eleitoral, não obtive resposta", afirmou o ex-secretário, que na época também ocupava a posição de ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro.
Consistente com sua argumentação durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), Anderson Torres reiterou que o relatório havia sido elaborado pela delegada Marília Alencar. Naquela época, ela ocupava a função de diretora de Inteligência (DINT) na Secretaria de Operações Integradas (SEOPI), subordinada ao Ministério da Justiça. Marília Alencar foi interrogada pela Polícia Federal em 13 de abril e alegou que o levantamento tinha sido solicitado por Torres, seu superior hierárquico naquela época.
No dia da realização do segundo turno das eleições, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), também subordinada a Torres, conduziu blitzes em cerca de 2 mil ônibus no Nordeste, interferindo na mobilização dos eleitores (como comparação, 571 ônibus foram abordados no Sudeste).
Nesse sentido, a Polícia Federal instaurou uma investigação a fim de examinar o caso, culminando na detenção de Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na manhã da última quarta-feira (9).