Em um ano marcado por escândalos na política do país, deputados, senadores e até governadores descobriram no Twitter um eficiente meio de chegar aos seus eleitores. O site, que mistura rede social com blog, permite que o internauta publique frases curtas ? até 140 caracteres ? e se tornou febre entre alguns políticos.
Levantamento feito pela Câmara em outubro mostrava que 179 dos 513 deputados já tinham a sua conta no site e, segundo a Agência Senado, 29 dos 81 senadores também aderiram ao microblog. Entre os governadores, o de São Paulo, José Serra (@joseserra_), comenta quase diariamente no site e, pré-candidato do PSDB à Presidência, descobriu no Twitter uma forma de angariar votos.
Em 2010, Serra terá a companhia do governador do Paraná, Roberto Requião (@requiaopmdb), que também tenta emplacar seu nome na disputa presidencial e fez um vídeo anunciando que agora também é um twittero.
Entre os ?veteranos? de Twitter, o líder do PT no Senado, Aloízio Mercadante (SP) (@Mercadante) é um dos mais assíduos e que tem mais seguidores. Precipitado, o petista pôde comprovar o poder da nova ferramenta virtual e precisou se explicar aos eleitores por algo que escreveu no site.
Durante a crise no Senado e a votação que poderia colocar o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), como alvo de um processo interno, Mercadante se negava a seguir a orientação da direção do partido ? a favor de livrar Sarney - e escreveu que iria deixar a liderança do PT. "Eu subo hoje à tribuna para apresentar minha renúncia da liderança do PT em caráter irrevogável?.
Pouco tempo depois, porém, voltou atrás no que disse e continuou no cargo. Mas o estrago já estava feito e o seu ?irrevogável? já havia se tornado motivo de piada na rede.
Nem mesmo seus aliados pouparam as contradições de Mercadante e também aproveitaram o Twitter para ?cutucar? o colega em meio à crise. ?Coisa feia @Mercadante. Pela manhã assumiu, junto aos senador João Pedro, Ideli que iria ler carta do presidente Berzoini (junto) . Na coletiva negou?, escreveu em seu Twitter o senador Delcídio Amaral (PT-MS) (@Delcidio).
O mensalão do DEM, escândalo que atingiu o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), também teve seu espaço no Twitter de políticos. Logo após a Polícia Federal vasculhar escritórios e casas de políticos em Brasília, o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP) (@ricardoberzoini), pediu cautela. "Não devemos agir como o DEM. Defendo que as investigações sejam feitas, com serenidade, sem baixaria", disse o petista, lembrando que o seu partido já foi crucificado em 2005, quando o mensalão no governo federal foi denunciado.
No entanto, após os vídeos em que Arruda e aliados aparecem recebendo dinheiro, o discurso mudou. ?Os vídeos e áudios de Arruda tiram qualquer autoridade para ele continuar no governo?.
Os ataques virtuais mereceram resposta. "O Democratas não vai se portar como o PT. Se houve erro, haverá punição de acordo com o que uma democracia prevê", escreveu o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO) (@deputadocaiado).
As brigas virtuais, porém, devem se intensificar em 2010, ano de eleição em qual os ânimos entre opositores se acirram ainda mais.