Uma semana depois, veja como está o cenário na Venezuela e a posição do Brasil na crise

Ligação entre Lula e Maduro está prevista, além da possibilidade de viagem de chanceleres para negociações em Caracas.

Nicolas Maduro é o ditador venezuelano e afirma que venceu as eleições. | Fábio Rodrigues Pozzebom
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Uma semana após a reeleição do presidente Nicolás Maduro na Venezuela, a posição do Brasil permanece a mesma: nem reconhece nem contesta o resultado das eleições. 

Com o passar dos dias, a pressão sobre o governo brasileiro aumenta. Entre os próximos passos planejados estão uma ligação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Maduro, além da possibilidade de uma viagem de chanceleres para negociações em Caracas.

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Segundo o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) — órgão controlado por Maduro —, o presidente foi reeleito com 51% dos votos. O anúncio foi feito no domingo (28), dia da eleição, e reiterado na sexta-feira (2).

A oposição venezuelana alega que houve fraude eleitoral e que, na verdade, o vencedor foi o opositor Edmundo González. As atas eleitorais ainda não foram apresentadas, o que sustenta as alegações de fraude por parte de países como Estados Unidos, Argentina, Chile e Uruguai, que não reconhecem Maduro como vencedor.

O governo brasileiro, desde o dia da eleição, mantém a mesma postura: pede que o CNE apresente as atas eleitorais. Só então o Brasil decidirá se reconhece ou não o resultado, conforme comunicado do governo.

HISTÓRICO DE MADURO COM O BRASIL

Maduro e Lula têm um histórico de aliança. No início de seu mandato, Lula buscou reintegrar a Venezuela à comunidade sul-americana e defender Maduro das suspeitas de fraudes eleitorais e supressão de direitos políticos. No entanto, a relação esfriou nos últimos meses devido a denúncias de perseguição à oposição venezuelana e falta de transparência no processo eleitoral.

Lula tenta equilibrar a situação diante do dilema de tensionar a relação com um aliado ou ser criticado por tolerar uma eleição considerada antidemocrática. 

"É normal que tenha uma briga. Como resolve essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com um recurso e vai esperar na Justiça o processo. E vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar. Eu estou convencido que é um processo normal, tranquilo", afirmou Lula em entrevista à TV Centro América, afiliada da TV Globo em Mato Grosso, na terça-feira (30).

Após a reafirmação do resultado na sexta, sem a apresentação das atas, o Palácio do Planalto emitiu uma nota afirmando que "o governo brasileiro não tem novas manifestações".

Os próximos passos incluem uma ligação entre Lula e Maduro, cuja data ainda não foi definida. Na quinta-feira, Lula conversou remotamente com os presidentes do México, López Obrador, e da Colômbia, Gustavo Petro. Esses países, assim como o Brasil, também não reconheceram nem refutaram o resultado na Venezuela.

Após a reunião, Brasil, México e Colômbia reiteraram o pedido pela apresentação das atas eleitorais e estão discutindo a possibilidade de enviar seus ministros das Relações Exteriores a Caracas para negociações diretas entre Maduro e González, sem a presença de María Corina Machado, uma figura oposicionista proeminente impedida de concorrer pelo CNE.

Enquanto Lula busca uma posição equilibrada, políticos de sua base já contestaram publicamente a eleição de Maduro. O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou que "eleições que não se submetem à verificação e ao acompanhamento de observadores internacionais não são eleições legítimas."

"Lamentavelmente, a Venezuela não é mais uma democracia, e enquanto não forem apresentadas as atas que comprovem a verificação do resultado eleitoral, não é possível o reconhecimento do regime do senhor Nicolás Maduro", disse Randolfe à GloboNews.

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) também expressou preocupação com a situação e destacou a necessidade de atenção da comunidade internacional.

A Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), no entanto, parabenizou Maduro por sua reeleição, causando desconforto entre os moderados do partido e distanciando-se da cautela adotada pelo governo Lula.

Os resultados divulgados pelo órgão oficial venezuelano indicam que Maduro foi reeleito com 51,2% dos votos, enquanto a oposição alega que González venceu com 70%. O Brasil, junto com outros países, pediu a divulgação das atas eleitorais para uma avaliação transparente do resultado. Em entrevista, Lula reforçou o pedido, mas afirmou não haver nada "grave" na eleição venezuelana.

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