O Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou nota nesta terça-feira (16) na qual manifestou "descontentamento" com as declarações do chanceler do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, que teria dito a deputados uruguaios que o ministro José Serra tentou "comprar" o voto do Uruguai no imbróglio que envolve a presidência da Venezuela no Mercosul.
Na nota, o Itamaraty afirma que o governo brasileiro, por meio do secretário-geral das Relações Exteriores, Marcos Bezerra Abbott Galvão, convocou o embaixador do Uruguai no Brasil, Carlos Daniel Amorín-Tenconi, a dar explicações sobre o episódio.
Novoa afirmou, em audiência na Câmara dos Deputados do país vizinho, que o governo do Brasil ofereceu acordos comerciais com o Uruguai em troca de seu apoio no impasse sobre a presidência do Mercosul.
A conversa entre Serra e Novoa teria ocorrido quando o chanceler brasileiro visitou o Uruguai, em 5 de julho, de acordo com a reportagem.
"Não gostamos muito que o chanceler [José] Serra tenha vindo ao Uruguai nos dizer – ele fez isso publicamente, por isso digo – que pretendiam suspender a passagem [da presidência do Mercosul para a Venezuela] e que, se ela fosse realmente suspensa, nos apoiariam em suas negociações com outros países, como se estivesse tentando comprar o voto do Uruguai", disse Nin Novoa aos deputados uruguaios.
A Venezuela deveria assumir, neste semestre, o comando do bloco, mas Brasil, Paraguai e Argentina se opõem à medida, diante do cenário de crise política e econômica no país. O Uruguai, no entanto, se mostrou disposto a entregar o comando do bloco aos venezuelanos.
De acordo com Novoa, informou o "El Pais", o presidente uruguaio, Tabaré Vazques, teria ficado irritado com a oferta de Serra e dito que o Uruguais iria cumprir com a regra de rotatividade entre os presidentes do Mercosul e que passaria o cargo ao colega venezuelano, Nicolás Maduro.