Um vereador de Descalvado (SP) diz ter sido vítima de discriminação racial por parte do secretário de Administração da cidade. Edevaldo Guilherme (PMDB) confirmou, nesta quarta-feira (20), que entrou com uma representação na Polícia Civil de São Carlos (SP) na terça-feira (19) e anexou um arquivo em áudio em que é chamado de ?macaco? pelo secretário Rodrigo Alexandre de Oliveira. Procurado pela reportagem do G1, o secretário negou que a voz do áudio seja dele. (Ouça o áudio ao lado).
Segundo o vereador, a ofensa foi feita durante uma ligação telefônica entre o secretário e um conhecido, que entregou a gravação a ele no dia 17 de outubro. ?Na conversa o Rodrigo perguntava se o macaco tinha chegado na Câmara, referindo-se a mim?, afirmou Guilherme, que faz oposição ao atual prefeito de Descalvado.
?Eles conversavam sobre um projeto que dava reajustes aos servidores municipais e o secretário queria saber se eu criaria algum problema durante a votação?. O interlocutor disse que sempre grava as próprias conversas telefônicas por segurança.
Gravação
Na gravação, o secretário teria falado o nome do vereador da maneira que costuma chamar: ?Edivardo?. ?E o macaco? O macaco tá aí, será??, questionou o secretário. Após o interlocutor perguntar sobre quem se referia ele respondeu, rindo: ?O Edivardo, o neguinho?.
O projeto foi votado em agosto, mas o áudio foi entregue ao vereador somente em 17 outubro e foi apresentado durante sessão na Câmara de Vereadores quatro dias depois. Segundo Guilherme, a representação foi feita quase um mês após a apresentação por falta de tempo.
"Não tive tempo de procurar a polícia, por isso fiz uma procuração há 15 dias e um advogado entrou com a representação para mim", explicou. Descalvado terá novas eleições em 1º de dezembro, após irregularidades no processo eleitoral de 2012.
Investigação
O advogado do vereador, Luís Luppi, entrou com a representação na Delegacia Seccional de São Carlos por injúria e preconceito racial e também deve acionar a Justiça. Segundo o artigo 140 da Constituição Federal, esse tipo de crime pode resultar em prisão com pena de um a três anos e multa.
O delegado Rogério Fakani Vitta afirmou, em entrevista, que a denúncia será verificada e que vai abrir um inquérito em até 30 dias.