Bolsonaristas e outros extremistas começaram a divulgar um vídeo do ministro da Justiça, Flávio Dino, ao lado de uma mulher loira que, segundo as postagens, seria Luciane Barbosa Farias, conhecida como "dama do tráfico amazonense". Entre os que repercutiram o vídeo está Fernando Holiday (PL), vereador da Câmara Municipal de São Paulo.
Contudo, trata-se de fake news. Na imagem em questão, quem aparece ao lado do ministro é a influenciadora e humorista Vi Álvares, que ao tomar conhecimento da situação, afirmou em suas redes que fará os bolsonaristas responderem por associarem sua imagem ao crime organizado.
No vídeo publicado por Holiday, na legenda da postagem no X (antigo Twitter), ele afirmou: "Flávio Dino mentiu ao dizer que nunca se reuniu com a 'dama do tráfico'. A sua posição está insustentável'', escreveu Holiday. Pouco tempo depois, o vereador apagou a publicação.
Resposta de Flávio Dino
Na mesma rede social, Flávio Dino disse que processará os "autores das mentiras", sem citar nominalmente Holiday. "Aliás, fui avisado por um jornalista que a próxima 'notícia jornalística' é que tenho ligações com o PCC. Então, vamos resumir os delírios: 1. Eu "interfiro" na Polícia Federal; 2. Eu, ao mesmo tempo, tenho "ligações" com o Comando Vermelho e com o PCC. Mas não há prova de nada, rigorosamente nada, então precisam de uma reunião que não existiu e de uma fraude com um vídeo. Daqui a pouco vão descobrir que sou mesmo um super-herói dos Vingadores. Além de criminosos, são ridículos", afirmou o ministro.
Segundo publicação do Estadão, a "dama do tráfico" esteve em audiências no prédio do Ministério da Justiça, em Brasília. Ela é casada com Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, apontado como um dos líderes do Comando Vermelho. Nas redes sociais, Luciane compartilhou várias fotos e vídeos em Brasília. Ela já esteve no CNJ (Conselho Nacional de Justiça), na Câmara dos Deputados e em encontro com políticos.
De acordo com o Estadão, o Ministério da Justiça admitiu que Luciane foi recebida por secretários, mas ressaltou que ela integrava uma comitiva de advogados. "A presença de acompanhantes é de responsabilidade exclusiva da entidade requerente e das advogadas que se apresentaram como suas dirigentes".
Luciane esteve no Ministério da Justiça como presidente da ILA (Associação Instituto Liberdade do Amazonas). A Polícia Civil do AM diz que a ONG atua em prol dos presos ligados ao Comando Vermelho e é financiada com dinheiro do tráfico.
Em 19 de março, Luciane esteve com Elias Vaz, secretário nacional de Assuntos Legislativos. Em 2 de maio, ela se encontrou com Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais.
O Estadão informou que procurou o Instituto Liberdade do Amazonas, mas não conseguiu retorno. A advogada de Luciane, Cristiane Gama Guimarães Generoso, diz que não fala sobre processos de seus clientes. "Que absurdo é esse?", respondeu sobre a acusação do MP sobre Luciane.
Já o Ministério da Justiça diz que seria "impossível" a detecção prévia da situação de Luciane. Leia na íntegra:
"No dia 16 de março, a Secretaria de Assuntos Legislativos (SAL) atendeu solicitação de agenda da Anacrim (Associação Nacional da Advocacia Criminal), com a presença de várias advogadas.
A cidadã mencionada no pedido de nota não foi a requerente da audiência, e sim uma entidade de advogados. A presença de acompanhantes é de responsabilidade exclusiva da entidade requerente e das advogadas que se apresentaram como suas dirigentes.
Por não se tratar de assunto da pasta, a Anacrim, que solicitou a agenda, foi orientada a pedir reunião na Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
A agenda na Senappen e da Anacrim aconteceu no dia 2 de maio, quando foram apresentadas reivindicações da Anacrim.
Não houve qualquer outro andamento do tema."
Com informações do Estadão