A vereadora Flávia Jerônimo Capóssoli (Podemos), de Piratininga (SP), foi denunciada pelo Ministério Público Federal (MPF) por suposta fraude em exames de Papanicolau com o objetivo de obter benefícios pessoais e aumentar os repasses federais ao município. Capóssoli, que é enfermeira e concorre à reeleição, nega as acusações.
O que aconteceu
De acordo com o MPF, a vereadora teria adulterado 1.286 exames de Papanicolau no sistema do Ministério da Saúde entre janeiro de 2022 e setembro de 2023. Essa falsificação elevou Piratininga no ranking do programa Previne Brasil, que vincula o aumento de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) à melhoria de indicadores de saúde municipais. A cidade saltou da 547ª para a 33ª posição no Estado de São Paulo, e da 4.522ª para a 464ª posição no ranking nacional, resultando em um aumento nos repasses federais, segundo a denúncia.
Pedido de condenação
O procurador Carlos Alberto dos Rios Junior, responsável pelo caso, solicita que a vereadora seja condenada, perca seu mandato e sua função como enfermeira. Ele argumenta que a fraude prejudicou a saúde de centenas de mulheres, que ficaram excluídas de ações de prevenção ao câncer de colo de útero por três anos após a inserção dos dados falsos.
Divergência
A investigação foi iniciada após uma enfermeira alertar a prefeitura sobre uma "discrepância anormal" no número de exames de Papanicolau registrados no Centro de Saúde de Piratininga. Entre maio e agosto de 2022, foram lançados no sistema 725 testes em mulheres de 25 a 64 anos, enquanto os registros manuais indicavam apenas 32 atendimentos.
Número irreal
Uma sindicância apontou que o número de exames era irreal, já que o tempo médio de cada procedimento varia de 15 a 20 minutos, e a realização de 99 exames em um único dia foi considerada impraticável. Segundo a investigação, a vereadora contratou, com recursos próprios, um software que extraía dados de pacientes aptas a realizar o exame e inseriu informações falsas no sistema e-SUS APS.
Ilegalidade
Além disso, a sindicância constatou que Capóssoli sugeriu dividir os custos do software com outros colegas, mesmo sendo alertada sobre a ilegalidade do ato. Ela teria ainda facilitado a inserção de dados falsos por outros servidores, fornecendo as listagens para que os lançamentos fossem feitos de maneira irregular.
Acusação
O MPF acusa Capóssoli de autopromoção política e tentativa de obtenção de vantagem financeira para si e para o município. A defesa da vereadora ainda não se manifestou formalmente. Em resposta às acusações, Capóssoli afirmou ser alvo de perseguição política, especialmente por estar concorrendo à reeleição. Ela argumenta que não estava presente no período em que os exames foram lançados no sistema e que os indicadores do programa Previne Brasil não se limitam apenas a exames femininos. Em sua defesa, ela sustenta que qualquer erro ocorreu por falta de orientação adequada.